9 de set. de 2009

Sobre insegurança e ciúme.

É considerável afortunado o sujeito que nunca reconhece em si o sentimento horroroso, desprezível e sem nexo de ciúme e insegurança, que toma conta das emoções e a barbariza, a ponto de cometerem-se atrocidades que destruiriam qualquer relação. Ficar-se-ia feliz pelo sentimento seguro de indiferença ao amor quando de uma possível perda da pessoa amada, quando uma relação não dá certo, ou quando uma parte rescinde o contrato deixando lesada a outra, e seria estranho não pensar que todas as fichas apostadas nessa relação poderiam invalidar para sempre uma vida sonhada e almejada. Pois quando se ama, sem nenhuma reflexão, sonha-se e acredita-se que daria certo viver com alguém que no momento presente proporciona toda alegria e felicidade indescritíveis. E não temer o futuro incerto diante dos pequenos percalços, maus momentos, discussões sem importância, tédio repentino e efêmero. Desprezar o pensamento de insegurança é difícil quando se namora alguém mais jovem ou quando as primeiras experiências foram proporcionadas por uma única pessoa. Causa estupor em saber que para conhecer a diferença entre o doce e o salgado, às vezes, é preciso provar dos dois, só daí se tira a conclusão entre um e outro e, muitas vezes, tem quem prefira ficar com os dois. É nessa filosofia, que numa relação à curto ou longo prazo se tem a certeza de alguma frustração futura, como a infidelidade. A precipitada inobservância do sentimento gratuito a que se prestam as partes do relacionamento acaba atrapalhando exageradamente muitos relacionamentos, porque as duas partes se amam, uma sempre acredita que ama mais que a outra. O esforço é compensador quando se evita tal sentimento. Já o ciúme é algo mais complexo, causa repugnância e desmerecimento. O egoísmo e o orgulho podem ajudar. Pensar mais em si aprimora o superego e reduz a pessoa amada a um plano minúsculo e, por outro lado, atualiza certo machismo genético, animalesco e intuitivo que impulsiona à posse. Uma vez jurado amor entre duas personalidades, a mulher passa a pertencer ao homem e esse a ela. O orgulho, por outro lado, ensina a esconder as emoções, também figurativizada pelo machismo. Não é sem importância que muitas relações acabam. Ideal seria se se pudesse manter sempre o sentimento indivisível, individual, permanecer solteiro, se abster de qualquer união sentimental. Mas sabe-se ser maior a necessidade de completar a proposta da natureza. Uma forma talvez de resolver problemas relacionados ao ciúme e insegurança seria o de suprimir os significados atuais e aplicar uma carga semântica diferente da usual, modificar sua ideologia social, e torná-los humanamente insignificantes para si. São sentimentos que não existiam em algumas culturas. Não dá para ficar preso à simples elucubrações. Se o relacionamento acabar, paciência. Sem medo de seguir em frente, sem depressões e sem arrependimentos.