23 de fev. de 2010

Qual a melhor forma de driblar a vida quando se mostra cruel?

Desembarquei. Estava meio confuso, pois havia oito anos que não pisava nesta terra. Minha terra, amada pátria. Já no aeroporto o ambiente tinha outra tonalidade, como num filme antigo, talvez dos anos oitenta, a cor, o design, até mesmo as pessoas, era tudo diferente. As vezes o diferente pode ser assustador. Mas não me deixei intimidar. Tinha a oportunidade de reconhecer na terra os meus traços, rever ruas por onde havia andado e, acima de tudo, rever minha família. Avistei meu primo que me prometera buscar e acompanhar-me à casa. Estava muito diferente, juro que não o reconheceria se não trouxesse a placa indicativa com meu nome. Mesmo ele não me reconheceria. Ambos havíamos mudado. Culpa do tempo que não para. Não trazia muita bagagem, apenas uma mochila com um notebook e alguns documentos importantes, entre eles meu diploma e uma pequena mala com quatro jeans, meia dúzia de blusas e algumas roupas interiores. Não pretendia ficar muito tempo. À caminho de casa, vendo aquela paisagem pouco alterada com passar do tempo, o que contradizia todas as notícias que lera sobre a reconstrução do país, eu e meu primo conversamos sobre as diferenças entre as coisas do Rio de Janeiro e Luanda, minha cidade natal. Eram tantas as diferenças que chegamos a casa antes da metade do diálogo, o que fez com que continuássemos em outra ocasião. Entrando, já encostada à porta e, dentro minha mãe esperando ansiosíssima. Foram pulos de alegria, choros de felicidade, o melhor momento que tanto esperei. Minha mãe não parava de me abraçar, de me beijar, de pedir graças a Deus, por ter trazido o seu caçula e agora “ultigénito”, às suas mãos, são e salvo. Fiquei muito emocionado com toda a situação, minha mãe e outros membros da família tão importantes também.

Amizades Paralelas

O tempo é algo mágico, nos mostra o melhor de nós mesmos e nos permite transitar pelas melhores estações da vida. Raros momentos, os bons de verdade que reconhecemos os melhores, ao lado da pessoa amada. Queria reconhecer na sua natureza o meu ambiente natural. Mas meu mapa se perdeu e, com ele, destruiu minhas esperanças!