5 de dez. de 2009

Saudade!

Saudade, lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que nos vemos privados, - diz o dicionário Priberam -. O poeta, “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. A história: saudade vem do latim "solitas”, “solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". Define, pois, a melancolia causada pela lembrança, a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Para mim... apenas o que se foi, o que está tão longe de alcançar, tão influente na memória, tão necessária na vida. A saudade, - ah! sentimento bom! – me faz sorrir de tristeza quando me lembra alguém que não voltará mais, alguém que deixou de existir, um verão, uma fragrância, um suspiro. Mas a saudade também me faz sorrir de alegrias quando me oferece a chance de recuperar o tempo perdido. Mas a contradição não deixa latente. Não dá pra recuperar o que o tempo distanciou. A correnteza é esperta e renovável, nunca devolverá a mesma água. Mas a saudade é forte e artificiosa; maquia os sentimentos deixando-os tais quais eram dantes. Oh! Saudade! Tenho orgulho de ti que tramas com a memória me fazendo ora feliz ora infeliz. Dualidade que se equilibra na mente enrugada de um pobre saudosista. Ah! Saudade! Como andas cansada de sentir os mesmo desejos, os mesmos ventos, os mesmos ares e lugares que não te diziam nada, não te inspiravam, realizavam! Acho que o passado-presente não te deu o devido valor. Foste tão desmerecida, por isso corres transeunte a procura do teu espaço. Mas Saudade, ah... saudade!, não vais encontrar esse espaço. Já se perdeu no tempo, teu triste inimigo, tão velho, tão imortal, infinito. Saudades, pra que te tenho como irmã se a memória me dá as mesmas lembranças sem o tom do amarelo, azul, preto, branco. Eu sei que preciso desses tons para colorir a minha vida, o meu passado, o presente e um pouquinho para o futuro. Eles têm significado, transformam atos em ações, valorizam mesmo com suas tristezas a alegria do passado. A memória seria vazia, me apresentaria as imagens sem me causar comoção. É isso, tenho orgulho de ti, Saudade, saudades de Ti.

30 de nov. de 2009

Medo!

Tenho medo de ser traído, de ter feito a escolha errada, de ter comprometido o meu futuro. Tenho medo de não me superar, de não evoluir, de não ser ideal, real. Medo de não ser visto, sentido, respeitado, admirado, elogiado, amado. Tenho medo de não me ver adulto, filho, pai, irmão, marido e amigo. Tenho medo das pessoas, do que pensam, vêem, sentem, respiram ou inspiram. Tenho medo do manto de cegueira que cobre o céu, os amigos, o mundo. Medo do escuro, da claridade, da chuva, do vento, porque o primeiro cega e o segundo também cega, e o terceiro molha e desfaz os meus desejos que se constroem no lodo e o quarto porque esvai as minhas esperanças. Tenho medo de sentir medo, de sentir alegria, de sentir esperança, de sentir você. Se tudo se exclui, se tudo se transforma, se tudo se inova, por que continuo sentindo que nada muda? Tenho medo da razão que não me ajuda a superar os traumas da minha consciência, tenho medo da ignorância por não me alertar das peripécias de minha mente. Tenho medo de ser eu porque não posso ser outro, e medo de me ver nos teus olhos quando o que eu mais quero é apreciar tua ires. Quero ser você por me fazer bem; e ser o bem que esperas. Quero aparecer, mas não existo, quero existir, mas não apareço, por que sinto medo do medo de ser.