18 de nov. de 2012

Você

Espécime raro este amor
Que se amarra forte
O teu no meu
Peitos fortes incandescentes
Pássaros alados que buscam
Perfeição nos horizontes celestes.
Sendo o céu o limite
Tenho alcançado o âmago
Da paixão tão bem localizada
O cerne de todo acontecimento
O desejo realizado cotidianamente
A fome saciada do amor transcendido.

 

 

Sérgio Ventura.

25 de out. de 2012

Um mundo reencantado

 

Em edição caprichada, Cosac Naify lança a primeiríssima e nada convencional versão dos contos de Grimm

Luiz Costa Pereira Junior

Rapunzel está grávida. A princesa não beija o sapo. Cinderela perde o baile. A rainha má é a mãe, não a madrasta de Branca de Neve. Dois lobos tentam comer Chapeuzinho Vermelho. Livres da bruxa, João e Maria finalmente voltam pra casa. Tarde demais: sua mãe está morta.

Não, não se trata de mais um filme da franquia Shrek ou da enésima releitura de clássicos infantis na indústria cultural. A nova tradução da mais antiga versão de Kinder und Hausmärchen, os contos maravilhosos editados pelos irmãos Grimm no século 19, promete tirar o pó que os próprios Grimm colocaram na obra que os consagrou.

Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos, lançado este outubro de 2012 pela editora Cosac Naify em dois tomos, com tradução de Christine Röhrig, apresentação de Marcus Mazzari e xilogravuras de J. Borges, mostra na prática que não se faz infância como antigamente.

Com heróis desagradáveis, reis cruéis e princesas infames, matriarcas de afetos implacáveis e finais nem sempre felizes, as histórias de Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) regurgitaram a tradição oral da Alemanha do século 19, em que o fantástico emergia em doses tão cavalares quanto a violência, o humor negro e a pulsão sexual.

A primeira versão do clássico é de 1812, com 86 histórias colhidas no estado de Hessen (onde o rio Meno - Main, em alemão - corta Frankfurt) então ocupado por Napoleão. Os Grimm a criaram para a leitura de estudiosos do folclore alemão. Para a surpresa da dupla, no entanto, sua compilação começou a ser lida por pais que queriam entreter os filhos (não só na Alemanha, mas na Dinamarca de 1816 e na Holanda de 1820, informa Mazzari). 

Alemanha profunda
O inesperado sucesso provocou reedições e sucessivas mudanças no conteúdo. Em vida, os Grimm publicaram 17 versões da obra.

Não era procedimento incomum. Contos de fadas são um gênero permeável a recriações. Nós nos acostumamos a pensá-los como fruto da isenção de pesquisadores que desbravam, no caldo anônimo da cultura folclórica, um conjunto de narrativas fechadas em si mesmas. Mas as histórias de boca em boca formam antes um sistema lógico de alta elasticidade, em que várias narrativas se misturam, sem autoria fixa e em combinações variadas.

A edição da Cosac Naify mostra que esse arranjo em caleidoscópio, com mudanças ao gosto do freguês e dos valores de época, ocorre também por escrito. Entre autoral e documental, a compilação dos Grimm passou por um pente fino de estilo. A dupla padronizou a forma de contar, preencheu lacunas e suavizou contradições internas das histórias. Acima de tudo, a nova tradução revela que alguns dos mais famosos contos maravilhosos se fixaram por escrito após sucessivos filtros morais.

A moral burguesa dos Grimm atenuou a tendência chula e mundana da Alemanha profunda já na 2ª edição, de 1819, que teve 72 histórias além das publicadas na amostra anterior (a 3ª, de 1822, consolidaria o total de 158 textos, que foi a base para a atual edição brasileira).

A cada variação, os Grimm atenuavam a violência das cenas e a sexualidade de personagens, ou decantavam humores que iam da misoginia gratuita ao antissemitismo.

Muita coisa ficou diferente da 1a versão que chega agora ao Brasil. A mãe de Branca de Neve era a rainha má antes de os Grimm darem à madrasta o papel de algoz: não se bota, afinal, a mãe no meio. Rapunzel joga as tranças para o príncipe subir à torre: não ficarão ali a beber e conversar. A filha do rei promete cuidar do sapo, esquece o trato e é obrigada pelo pai a cumprir a palavra. Pitiática, espatifa o bicho na parede. É aí que ele vira príncipe. Não há beijo na cena, mas os dois passam a noite, não consta que a beber e conversar.

Passagens do gênero renascem na edição da Cosac Naify, que teve a brilhante e cotovelar sacada de convidar um artista popular como J. Borges para dar ao folclore alemão a graça visual de nossa tradição nordestina: suas xilogravuras ecoam a oralidade rural recuperada pelos Grimm, como se o original estivesse gravado em madeira brasileira.

Mundo mágico
A tradição oral que fundou os contos de fadas dava explicações mágicas a problemas de fertilidade e a mistérios da natureza. Ecoava regras morais rígidas, descrevia a desumanidade cotidiana da vida rural ou servia de modelos para rituais de passagem. Com o tempo, falou mais alto a tendência de usar as histórias na educação infantil.

Como os mitos gregos, que mudavam de configuração em cada cidade grega antiga, é improvável que cada conto popular tenha uma única e homogênea formulação. Coletâneas como a do italiano Giovanni Strapardia (1480-1557), por exemplo, continham histórias como Sr. Dito e Feito, narrada pelos Grimm. O francês Charles Perrault (1628-1703) também reunira, em Contos da Mamãe Gansa (1697), algumas narrativas recuperadas depois pelos Grimm, como Chapeuzinho Vermelho, O Pequeno Polegar, O Gato de Botas e A Bela Adormecida. Elas são do tempo da primeira transcrição da história deBranca de Neve, diz Alexandre Callari, organizador de Branca de Neve - Os contos clássicos(editora Generale, 2012).

Modelos
É de Giambattista Basile (1575-1632), conde de Torrone, na Itália, a autoria de A Jovem Escrava, recolhida entre Creta e Veneza, e publicada em Pentamerone (1634-36). Afeita ao espírito popular, sua versão mostra que a maldade da rainha fica sem punição. Mas há versões de todo tipo, diz Callari: com o rei psicopata e necrófilo (O Caixão de Cristal, de Thomas Frederick Crane, 1885) e até a da morte dos anões (de Ernst Ludwig Rochholz, 1856).

O crítico Wladimir Propp viu nesse tipo de conto certos elementos narrativos que não variavam. A graça da coisa, disse o russo, seria perceber a grandeza do caráter variado das histórias, que camuflava a uniformidade e a repetição de motivos e tipos (Morfologia do Conto Maravilhoso, 2006: 22). Os contos de fadas atualizam essas invariantes conforme o contexto. Não teriam tanto um sentido, mas estruturas que geram sentidos cada vez que a história é reinventada.

Ainda hoje, as histórias maravilhosas dão aquilo que o escritor Italo Calvino considerou ser uma 'explicação geral da vida' que rumina das consciências camponesas aos dias de hoje (Fábulas Italianas, 1992: 15). Elas, escreve Calvino, são uma espécie de 'catálogo do destino', dos momentos em que o ser humano projeta um destino, do nascimento ao afastamento de casa, do crescimento à maturidade e aos desafios que nos confirmam como humanos.

Podemos dizer dos contos maravilhosos o que o antropólogo Claude Lévi-Strauss disse dos mitos: todas as versões integram o mesmo conto. Não há original a prevalecer. Nem versão necessariamente melhor.

O despertar de Branca de Neve

No original, o papel de rainha má e algoz de Branca de Neve cabia à própria mãe, não à madrasta, que só entra na história na 2ª edição. O despertar da heroína tampouco ocorre após um beijo do príncipe. 

Ao vê-la morta, o rapaz nutre a obsessão de levar o caixão para onde quer que vá. Obrigado a carregá-lo, um servo abre o caixão, endireita Branca de Neve e berra: 'Somos amaldiçoados só por sua causa, menina morta', ao que dá um tapa nas costas da moça. É então que o pedaço de maçã sai de sua garganta e Branca de Neve ressuscita.

Estimular a insurgência da patuleia soou inaceitável e, na versão de 1857, a última editada em vida por Wilhelm Grimm, a moça acorda quando um servo derruba o caixão por acidente, deslocando o toco de maçã podre, que estava em sua garganta. 

A transformação do príncipe sapo

Em O Rei Sapo ou O Henrique de Ferro, o sapo falante pede à filha do rei que o leve para sua cama, para dormir. 

'Ao ouvir tais palavras, a filha do rei ficou apavorada, pois tinha nojo do sapo frio, não tinha coragem de tocá-lo, e agora ele queria dormir na cama dela. Ela começou a chorar e se recusou. Furioso, o rei ordenou que ela cumprisse o que havia prometido e não o desonrasse. Não tinha jeito, ela tinha de satisfazer a vontade do pai, mas sentia imensa raiva em seu coração. Pegando o sapo com dois dedos, levou-o ao seu quarto, deitou-se na cama e, em vez de colocá-lo ao lado dela, atirou-o contra a parede, ploft. ''''Pronto, agora você vai me deixar em paz, sapo asqueroso!''''. Mas o sapo não morreu e antes de cair se transformou num belo e jovem príncipe. Este, sim, era seu querido companheiro e, cumprindo a promessa, os dois adormeceram felizes lado a lado.' 

A gravidez de Rapunzel 

O jovem príncipe imita a voz da fada e pede a Rapunzel que jogue seus cabelos para subir à torre.

'De início Rapunzel levou um susto, mas não demorou a gostar tanto do príncipe que combinou que viesse visitá-la todos os dias e ela o puxaria para cima. Assim viveram alegres e a fada não percebeu nada por um bom tempo, até que um dia Rapunzel disse a ela: ''''Sabe, senhora Gothel, as minhas roupas estão tão apertadas que não estão querendo servir mais em mim'''''.

Vendo a gravidez, a fada dá surra em Rapunzel e corta sua trança.

'Depois baniu Rapunzel para um deserto onde ela passou apuros e onde, depois de um tempo, deu à luz gêmeos, um menino e uma menina.'

A fada ainda tenta matar o príncipe, que fica cego.

27 de set. de 2012

Sobre a língua

A língua, meus amigos, muda, e não só na fala como também na escrita. E não só em uma como em outra, os sentidos, através do tempo, distanciam-se, perdem-se, renovam-se. Ela tem liberdade de mudar, mas essa liberdade não está no falante, nem no escritor. A língua só é possível para os falantes e os escritores porque depende de códigos convencionados (dentro da sociedade) para a sua própria utilização, e quando se deturpam esses códigos, a língua perde a sua capacidade de ser compreendida.

 

Sérgio Ventura.

16 de set. de 2012

Ansiedades!

vislumbre o seu cenário. Ele é a sua garantia para que você esteja preparado quando as coisas ruins começaram a acontecer. Quando o caminho que você está traçando for bloqueado, e não houver jeito de continuar, não se alarme e nem se desmanche; não esqueça que há outros mil caminhos  possíveis. Você só precisa voltar alguns poucos passos e trilhar um novo; Porque o tempo permite... é contínuo, e não para.
Sérgio Ventura.

Ansiedades

"Gasta-me o tempo com suas futilidades, esse tempo que me impõe e expõe a bel prazer toda a ansiedade deste século, extraindo-me assim  o deleite todo do aqui e agora."
Sérgio Ventura.

Ansiedades

"Não se preocupe se o tempo está passando rápido, preocupe-se em aproveitar os minutos, sem ansiedade, pois saiba que o tempo não para, não se ganha, nem se perde."

Sérgio Ventura.

14 de set. de 2012

Escolhas

Será que vale viver por amor
Mas por aquele amor que pula de galho em galho
E nunca encontra pouso fixo?
Querer ter endereço fixo é para muitos motivo de tédio
Mas andar pelas esquinas é razão para aplausos
E quando envelhecer?
E quando o enfeite juvenil expirar?
Quem estará ao seu lado?
Nas esquinas tudo é passageiro
No endereço numerado e fixo, tudo é permanente
Que escolhas fazer?
Ser um pombo apaixonado
Ou um cachorro apaixonado?
Os dois são bons, não é!
Mas as escolhas a longo prazo
Podem ser melhores!

Sérgio Ventura.

10 de set. de 2012

Nietzsche – Humano, demasiado humano

 

É um filme biográfico sobre Friedrich Nietzsche, seu pensamento e sua trajetória.

Vídeos – Linguística

 

São 10 vídeos super interessantes pra quem é da área de letras. Não deixe de acompanhá-los!

http://www.youtube.com/user/sergiosrav/feed

Revista SOLETRAS - UERJ

 

SOLETRAS é a Revista do Departamento de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro que publica textos nas áreas da literatura, linguística, etc.

 

 

Acesse aqui!

SOLETRAS - Revista do Departamento de Letras

Faculdade de Formação de Professores da UERJ

Rua Dr. Francisco Portela, 1470 - Patronato - São Gonçalo – RJ

Cep: 24435-005 - e-mail:


soletrasonline@yahoo.com.br

Livros diversos–vale a pena conferir

Aqui vai uma seleção de grandes obras de escritores nacionais e internacionais, e se não achar o seu livro em pdf, mande uma mensagem que talvez eu tenha em meu banco de dados.

Como dizia Monteiro Lobato,  “um país se faz com homens e livros”.

 

Confira e selecione o seu livro!

Bibliografia – Shakespeare

 

Disponibilizo a todos os livros de Machado de Assis, desde pequenos contos aos mais consagrados livros. Aproveite bem a leitura!

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Bibliografia – Machado de Assis

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Machado de Assis

Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas - Um ótimo livro pra quem gosta dos Clássicos da Literatura Brasileira.

4 de set. de 2012

Mulher


Mulher, alma que arde em chamas verde-esperança e de olhos resplandecentes, tua boca sussurra com doçura mágicas palavras e descobre-me por completo os sentimentos; o teu semblante, o teu encanto, a tua beleza, o teu infinitamente tudo são dádivas para o meu ser; o teu encantado amor, sentimento puro e completo, liberta-me dos mais tristes sentimentos, das feridas e cicatrizes, dos desencantos da 
vida. Por ti e teu amor sempre me levanto porque teu tu em mim é um único nós, assim como o meu eu em ti é um único nó, laço eterno de amor.

P.S.: Te amo ontem e hoje e amanhã e depois de amanhã e no dia depois do depois de amanhã e nos próximos dias subsequentes ao do depois do depois de amanhã, e se ainda assim não forem suficientes, continuarei te amando por toda a eternidade no mundo terreno e no mundo celestial!

Sérgio Ventura.

29 de ago. de 2012

SAÚDE PÚBLICA[1]

Agora, considerando tudo isso, da máquina de desperdício que é o sistema de mercado à máquina de dívidas conhecida como sistema monetário, criando assim o paradigma mercantil-monetário que hoje define a economia global, há uma consequência que percorre toda a máquina: desigualdade.
Se é o sistema de mercado que cria uma gravitação natural em direção ao monopólio e à consolidação do poder, enquanto também gera diversas indústrias ricas que se elevam acima das outras independentemente de sua utilidade, tal como o fato de os maiores gestores de fundos de Wall Street agora embolsarem mais de $300 milhões por ano por contribuir literalmente com nada. Enquanto um cientista procurando curar uma doença, tentando ajudar a humanidade, pode ganhar $60 mil por ano, se tiver sorte. Ou se é o sistema monetário, que possui a divisão de classes inerente a sua estrutura. Por exemplo, se tenho $1 milhão sobrando e os aplico em CDB, com juros de 4%, ganharei $40 mil por ano. Nenhuma contribuição social, nada. No entanto, se sou da classe baixa e preciso pegar empréstimos para comprar meu carro ou casa, estarei pagando juros que, teoricamente, vão remunerar aquele milionário com os 4% do CDB. Este roubo dos pobres para pagar aos ricos é um fundamento inerente ao sistema monetário e poderia ser rotulado como "classicismo estrutural".
Historicamente, a estratificação social sempre foi considerada injusta, mas claramente aceita de forma geral, já que agora 1% da população detém 40% da riqueza do planeta. Mas, justiça material à parte, há outra coisa acontecendo por baixo da superfície da desigualdade, deteriorando a saúde pública como um todo. Acho que as pessoas muitas vezes ficam confusas pelo contraste entre o sucesso material das nossas sociedades - níveis de riqueza sem precedentes - e os muitos fracassos sociais. Se você olhar para as taxas de uso de drogas, violência, automutilação entre crianças ou doenças mentais, há claramente algo profundamente errado com nossas sociedades. Os dados que tenho descrito simplesmente mostram essa intuição que as pessoas têm tido por centenas de anos, de que a desigualdade divide e corrói a sociedade. Porém, essa intuição é mais verdadeira do que imaginávamos. Há efeitos psicológicos e sociais muito poderosos da desigualdade, mais relacionados, creio eu, com sentimentos de superioridade e inferioridade. Esse tipo de divisão - e talvez o mesmo valha para o respeito e o desrespeito - em que as pessoas se sentem desprezadas ao extremo. Motivo pelo qual, a propósito, a violência é mais frequente em sociedades mais desiguais. O gatilho da violência é, muitas vezes, as pessoas se sentirem menosprezadas e desrespeitadas.
Se há um princípio que eu poderia enfatizar, isto é, o princípio subjacente mais importante para a prevenção da violência, seria a igualdade. O fator mais significativo que afeta a taxa de violência é o grau de igualdade versus o de desigualdade na sociedade.
O que estamos vendo é uma espécie de disfunção social generalizada. Não é só uma ou duas coisas que dão errado conforme a desigualdade aumenta, mas aparentemente tudo, seja em relação ao crime, à saúde, às doenças mentais ou ao que for. Uma das descobertas mais perturbadoras sobre saúde pública é: em hipótese alguma cometa o erro de ser pobre ou de ter nascido pobre. Sua saúde paga por isso de infinitas maneiras, algo conhecido como "O Gradiente Socioeconômico de Saúde". Conforme você desce a partir da camada social mais alta, em termos de posição socioeconômica, a cada degrau descido, a saúde piora para muitos tipos de doenças, a expectativa de vida piora, a taxa de mortalidade infantil, tudo que você puder considerar.  Uma enorme questão tem sido: por que este gradiente existe? Uma resposta óbvia e simples é que, se você está cronicamente doente, não será muito produtivo. Assim, problemas de saúde geram diferenças socioeconômicas. Não passou nem perto, pelo simples fato de que é possível olhar para a posição socioeconômica de uma criança e isso irá predizer algo sobre sua saúde décadas depois. Esta é a direção da causalidade. A próxima é "perfeitamente óbvia": pessoas pobres não podem pagar para ir ao médico. É acesso à saúde? Não tem nada a ver com isso porque você vê estes mesmos gradientes em países com assistência médica universal e medicina socializada. OK, próxima explicação simples: geralmente, quanto mais pobre você é maiores são as chances de fumar, beber e de viver com todo tipo de fator de risco. Sim, isso contribui, mas estudos meticulosos mostraram que talvez explique só um terço da variabilidade. O que resta então? O que resta tem muito a ver com o estresse da pobreza. Quanto mais pobre você é, a começar pela pessoa que ganha um dólar a menos que Bill Gates, quanto mais pobre você é neste país, de modo geral, pior será a sua saúde. Isso nos diz algo realmente importante: a conexão da saúde com a pobreza não se trata de ser pobre, mas de se sentir pobre. Cada vez mais, reconhecemos que o estresse crônico possui uma influência importante na saúde, mas as fontes mais importantes de estresse se referem à qualidade das relações sociais. E se existe algo que diminui a qualidade das relações sociais é a estratificação socioeconômica da sociedade. O que a ciência nos mostrou agora é que, independentemente da riqueza material, o estresse de simplesmente viver numa sociedade estratificada leva a um vasto espectro de problemas na saúde pública e quanto maior a desigualdade, piores eles ficam. Expectativa de vida: maior em países mais igualitários. Uso de drogas: menor em países mais igualitários. Doenças mentais: menor em países mais igualitários. Capital social, isto é, a capacidade de as pessoas confiarem umas nas outras: naturalmente maior em países mais igualitários. Índices educacionais: mais altos em países mais igualitários. Taxas de homicídio: menores em países mais igualitários. Taxas de criminalidade e prisão: menores em países mais igualitários. E continua: Mortalidade infantil, obesidade, taxa de natalidade na adolescência: menor em países mais igualitários. E talvez mais interessante: Inovação: maior em países mais igualitários, o que desafia a antiga noção de que uma sociedade competitiva e estratificada é mais criativa e inventiva. Além disso, um estudo feito no Reino Unido chamado de Estudo Whitehall, confirmou que há uma distribuição social de doenças que vai desde o topo da escala socioeconômica até a base. Por exemplo, foi descoberto que os degraus mais baixos da hierarquia tinham 4 vezes mais mortalidade por doenças cardíacas em relação aos degraus mais altos. E esse padrão existe, independente do acesso à saúde. Portanto, quanto pior a condição financeira relativa de alguém, pior será a sua saúde, de modo geral. Esse fenômeno tem suas raízes no que pode ser chamado de "estresse psicossocial" e está na base das grandes distorções sociais que assolam nossa sociedade atual. Sua causa? O sistema mercantil-monetário.
Não se engane: o maior destruidor da ecologia; a maior fonte de desperdício, esgotamento e poluição; o maior incitador de violência, guerra, crime, pobreza, abuso animal e desumanidade; o maior gerador de neuroses sociais e individuais, de doenças mentais, depressão, ansiedade - para não falar da maior fonte de paralisia social, que nos impede de adotar novas metodologias para a saúde pessoal, a sustentabilidade e o progresso neste planeta - não é nenhum governo corrupto ou legislação, nenhuma corporação perversa ou cartel bancário, nenhuma falha da natureza humana e nenhuma sociedade secreta que controla o mundo. É, na verdade, o próprio sistema socioeconômico em sua essência.


A ANTIECONOMIA



Há um velho ditado de que o modelo de mercado competitivo busca "criar os melhores produtos pelo menor preço possível". Essa afirmação é essencialmente o conceito de incentivo que justifica a concorrência mercantil com base na suposição de que o resultado é a produção de bens de melhor qualidade. Se eu fosse construir uma mesa, obviamente a produziria com os melhores e mais duráveis materiais existentes, correto? Visando que ela dure o máximo possível. Por que eu faria algo ruim sabendo que teria de refazê-la eventualmente, gastando mais materiais e energia? Bem, por mais racional que isso possa parecer, no caso do mercado, isso não é apenas claramente irracional como não chega a ser uma opção. É tecnicamente impossível produzir algo da melhor maneira possível, se uma empresa pretende ser competitiva e manter seus produtos acessíveis ao consumidor. Literalmente, tudo o que é criado e posto à venda na economia global é inferior logo no momento em que é produzido, pois é matematicamente impossível fazer produtos os mais cientificamente avançados, eficientes e sustentáveis possíveis. Isso ocorre, pois o sistema de mercado exige esta "eficiência de custos" ou porque é preciso reduzir os gastos em cada etapa da produção. Do custo da mão da obra ao custo dos materiais, da embalagem etc. Essa estratégia competitiva serve para assegurar que o público compre os seus produtos e não os do concorrente que está fazendo a mesmíssima coisa para deixar seus produtos competitivos e acessíveis. Esta consequência invariavelmente esbanjadora do sistema poderia ser denominada "obsolescência intrínseca". No entanto, essa é apenas uma parte do problema. Um princípio fundamental que rege a economia de mercado e que você não encontrará em nenhum manual é o seguinte: "nada produzido pode ter uma vida útil maior que o necessário para manter o consumo cíclico". Em outras palavras, é fundamental que as coisas quebrem, falhem e deteriorem-se dentro de dado tempo. Isso se chama "obsolescência programada". A obsolescência programada é a espinha dorsal da estratégia de mercado de todos os fabricantes. Muito poucos, claro, admitem essa estratégia abertamente. O que fazem é mascarar o problema no fenômeno da obsolescência intrínseca, muitas vezes ignorando, ou até mesmo suprimindo, novos adventos tecnológicos que poderiam criar um produto mais sustentável e durável. Não bastasse o desperdício que é o sistema inerentemente não permitir a produção dos bens mais duráveis e eficientes, a obsolescência programada intencionalmente entende que quanto mais tempo um produto funcionar, pior será para a manutenção do consumo cíclico e, portanto, para o sistema de mercado. Em outras palavras, a sustentabilidade do produto é, na verdade, contrária ao crescimento econômico e por isso há um incentivo direto e reforçado para garantir que a durabilidade de qualquer produto seja curta. Na realidade, o sistema não pode funcionar de outra maneira. Um olhar para o mar de aterros ao redor do mundo mostra a realidade da obsolescência. Existem agora bilhões de celulares de baixo custo, computadores e outras tecnologias, contendo materiais preciosos e difíceis de minerar como ouro, coltan e cobre,  apodrecendo em enormes pilhas devido ao simples mau funcionamento ou obsolescência de pequenas partes que, em uma sociedade preservadora, poderiam ser consertados ou atualizados, estendendo a vida útil do produto. Infelizmente, por mais eficiente que isso pareça no mundo real, por vivermos num planeta finito de recursos finitos, é claramente ineficaz para o mercado. Para por numa frase: "eficiência, sustentabilidade e preservação são os inimigos de nosso sistema econômico". 




19 de ago. de 2012

Expulsando o Vazio.

"O silêncio é constrangedor quando não se tem alguém para compartilhar sentimentos."

 

Doce vazio que me preenche a alma, não me sinto confortável em ter-te como companhia. Cheio de nada que és, transformas todas as minhas perspectivas em vácuo. Se tento apreciar algo, cadê? Se tenho algo a sonhar, onde? Se quero sentir, o quê? Se quero alguém, quem? Por que me tens caro inimigo, se não me dou por feliz com tua companhia? Será que te ligaste a mim por paixão ou ao contrário tiraste-a de mim? E por que não me respondes, danado, se apenas a ti te tenho? Como podes ser tão desnaturado deixando-me aqui como que a falar com as paredes? Vai! Deixa-me sozinho, desnuda daqui para quem sabe outro alguém que não igual a ti me faça companhia e devolva-me tudo o mais que não lembro. Chama lá teu primo chio, chia, cheio, sei lá, para que concerte as tuas malícias em mim. Bem sabes que não me vou calar enquanto não me fizer ouvido, estás a ouvir Vazio? Ouves-me?

 

Sérgio Ventura.


13 de ago. de 2012

entrelinhas 2

Nesse momento, esforço em vão os olhos, mas não consigo enxergar nem uma linha de esperança. Por isso hoje vou dormir desesperado. A sensação do momento é de ter  chegado ao fim da minha linha, mesmo havendo tanto horizonte adiante. Talvez os meus sonhos me aliviem a pressão do dia ou talvez me abram portas de esperança. Só o que me resta é a virada da noite e o cansaço do olhos no dia seguinte, sem portas, sem saídas.

Sérgio Ventura.

Entrelinhas.

Vislumbre o seu cenário. Ele é a sua garantia para que você esteja preparado quando as coisas ruins começaram a acontecer. Quando o caminho que você está traçando for bloqueado, e não houver jeito de continuar, não se alarme e nem se desmanche; não esqueça que há outros mil caminhos possíveis. Você só precisa voltar alguns poucos passos e trilhar um novo; porque o tempo permite... é contínuo, e não para.

Sérgio Ventura.



Ansiedades!

"Não se preocupe se o tempo está passando rápido, preocupe-se em aproveitar os minutos, sem ansiedade, pois saiba que o tempo não para, não se ganha, nem se perde."

Sérgio Ventura.

27 de mar. de 2012

Recortes sobre o amor.

 
Não busque as razões para despertar o desamor; confie sempre e aproveite o melhor que o amor pode oferecer. Esse sentimento é ingénuo, - parece - quando mal manejado; sentimento que é sempre perigoso, tal qual uma bomba sensível e invisível, do qual se é preciso ter cuidado para não detoná-lo: as feridas são incuráveis. Dedique-se a ele e não tenha medo dessa iguaria, promova, prove e aprecie-o, com tranquilidade, com paixão. Não torne os seus sentimentos por ele controverso, não pense que ele se confunde com um outro algo que não seja o puro amor. Seja sensível, saiba ler nas linhas e entrelinhas somente as palavras que dele pululam: amor. Pense sempre o motivo que o faz ser companhia inseparável, esse amigo de tantos dias, meses e anos, que se engraça sempre com sua mania de ser, assim saudável, assim majestoso. O amor só se comporta feliz porque se faz amado por quem o carrega; se em muitos corações com sua enormidade e generalidade, se em muitos corações, divididos ou unidos, ou se em todos os corações assim amaciados ancorados estirados obrigados, todos com a última missão de fazê-lo acontecer; está aí em tudo e em todos. Não busque razão para despertar o desamor e confie nele sempre como o melhor pra se amar.
Sérgio Ventura.

23 de fev. de 2012

À beira!

 

À beira do mar, sinto o frescor da vida introduzindo-se em meu ser… ah! Que vida! O que o meu paladar sente, o meu ouvido consente, misturas salientes salinas e os sussurros nostálgicos das ondas, em seu vai-e-vem, mostrando-se-me uma visão cíclica da vida no vem e vai de breves inspirações. Na paisagem, perde-se às linhas do horizonte um pôr de sol proporcional à grandeza da vida e de suas paixões constantes e inconstantes como as brevidades do ciclo infindo que esse deixa escapar quando se submete à possessão da Lua, sempre divina e tão igual encantada tal qual a bola efervescente, sempre vistosa e mágica.

 

Sérgio Ventura.

Pensando.

Diante das incertezas, chego a pensar que serão derrotadas a minha segurança e paciência com relação ao futuro, uma vez que o meu presente esteja sendo bombardeado por falsas esperanças. Se estar só parecia a última das opções, agora se apresenta como a única primeira; se viver sozinho era impensável, hoje, alternativa correta; incluir em mim um jogo a dois, já foi um sonho que hoje, a medida que o tempo me escorre, mostra o quão errado estivera. Sonhar não é mais opção, é-a viver a realidade, como que andar por esteira de carvões em brasa. Uma decepção já é mais o bastante; o ego ferido não é mais regenerado; tudo acontece aos olhos, nada escapa; nesse domínio do falso e do absurdo; raciocinar já se torna pecado; enxergar não é mais solução; andar cego às escuras, parece ser meio mais que viável. O caráter se dissipa tais quais os ventos fortes, o que resta se não poeiras mal arrumadas, apenas o vazio carregado. Que pena pensar! Pensar ousado como pensava o outro, o outro que era parte de mim, e se não morreu, ao se silencio se resignou sem palavras nem afetos.

 

Sérgio Ventura.

12 de fev. de 2012

Você é o único que pode criar a vida que merece?

Usando a lógica:
Você cria a vida que merece; a pergunta: que vida você merece? Questão: você merece uma vida feliz ou infeliz? Suposição: todos querem uma vida feliz; lógica: todos criam para si uma vida feliz; falácia: nem todos são felizes com sua vida; questão: todos criam a vida que merecem? Questão lógica: se todos criam a vida que merecem por que escolhem ser infeliz? Resposta: ninguém escolhe ser feliz; lógica: se ninguém escolhe ser feliz, então ninguém cria a vida que merece! Resumo: é errado pensar que somos os únicos que podem criar a vida que merecemos. Ou seja, você não é o único que pode criar a vida que merece!
Pensamento:
Se se merece a vida que se cria, então nunca se deve reclamar dela. E se se reclama da vida, significa que não é a que se merece. Se não é a que se merece, logo, não é a que se criou; e se não é a que se criou, então não é a que se merece? A lógica: você não é o responsável por criar a vida que merece... são os outros!