29 de jan. de 2011

“Bullshits”

imageEstou despedaçado. Não tenho mais saco para aturar qualquer pessoa. Dos meus amigos só ouço “conversa pra boi durmir”; das minhas amigas, só vejo compulsão sexual; dos mais velhos, as mesmas reclamações sobre experiências enterradas no passado. Os convites que me são feitos para baladas, noitadas, casamentos, e o “caralho a quatro” não são mais aceites. Tudo tornou-se “bullshit”. Não consigo mais enxergar o valor real do presente. Dia após dia, aguento como posso às humilhações da vida, como ficar na merda de um país detestável por compaixão à família e destruir todo um planejamento fiável de vida no terreno a que me acostumei: Brasil. Nos últimos meses, tenho acordado e desejado não acordar. Sinto sempre o peso de estar com os olhos abertos e não ver nada. São todos os dias iguais: o céu cinza e o dia sufocante. Não há nada que saiba a doce mel ou a morango. Embora me sinta aflito, ocorre-me sempre a idéia fugaz de que o próximo dia será diferente. Eis o pretexto para me levantar religioso e vespertinamente todos os dias. Penso numa primeira frase: “nem todos os dias são santos”, e me pergunto: “qual dia o será?” E, depois, numa segunda frase: “nem todo dia é como hoje, por isso, faça tudo o que quiser fazer”, e, outra vez, me pergunto: “o que fazer?” Ou seja, acordo para olhar o vazio porque sou cego, e não faço nada porque tudo o que se me apresenta é vácuo. Vida boa essa, não?!!!