21 de jan. de 2011

Coração em desalinho.


Estou na varanda de casa, primeiro andar; não há vislumbre, apenas uma singular distração à rua que se me apresenta vaga. Transeuntes, meros rostos desconhecidos, iguais à muitos pelo mundo afora. Há imensidão de detalhes, sinais ao longo que não consigo traduzir. Esforço-me em compreender o que está disposto: árvores compridas e secas, típicas do clima africano; carros, uns passando às pressas, outros estacionados à beira da estrada. É uma rua comum, típica de uma cidade pobre: suja em todos os aspectos, poerenta até mesmo no vigésimo andar dos prédio ao redor, quiilogramas incontáveis de lixo, acervo exagerado e armazém para os roedores. – Quantos roedores! –. Os prédios. Esses, à hora dos meus olhos, tardio se fecham às luzes e sincronizam sua graça com o céu noturno de estrelas reluzentes e uma lua cheia. Os prédios têm as luzes apagadas, com exceção à três janelas acesas. Parecem refletir, em associação à minha busca por significados, dentro do meu campo associativo, o estado de minh'alma. A alma em desalinho imersa na escuridão. Eu, sentado, não percebo ainda o significado da minha vida. Não sei exato o motivo de estar aqui, agora, sentado e escrevendo. Parece um desastre não saber que passo dar e deixar que cada palavra alinhada à outra crie o caminho para um significado qualquer que eu possa usar em detrimento de minha própria busca. As músicas que ouço nesse momento trazem ao meu ouvido a doçura de uma poesia. Consigo refletir e extrair a destreza do compositor e o árduo trabalho empregado para realizar o prazer de tocar aos meus ouvidos as mais belas melodias. As lágrimas caem-me pelo rosto e nada explica o vazio sentimento que me consome. Quero sair, gritar; mas... estou preso. É um labirinto a minha consciência. Ainda estou errando nos caminhos. Quero desistir. Parar de andar, e deixar que a saída me encontre. Posso comparar esse momento a dois ímãs com a mesma polaridade. Ambos se repulsam. Assim como a minha infelicidade em busca do seu contrário. Chocam-se uma e outra. Eu cá com a infelicidade. E lá fora, a feliz idade.

        Sérgio Ventura.