24 de dez. de 2009

Adeus ano velho

clip_image002- Bom dia Robert -, perguntou o alterego de Robert que por ali passava. – Bom dia Smith -, respondeu-lhe. Nesse momento, esperava-se pela sequência normal que completaria o discurso – tudo bem, meu jovem amigo? Hoje é véspera de natal e próxima semana entraremos no décimo ano do século XXI, é honra ter chegado até aqui, tamanha as dificuldades enfrentadas e, com muito esforço, superadas; visíveis conquistas e experiências apreendidas, de modo que me sinto muito ansioso e esperançoso com o novo ano –, disse eloquentemente Smith, cheio de euforia –. Não me surpreende que estejas animado, afinal fazemos tudo às pressas, corremos com o dia, dia após dia, para nos livrarmos da frustração do quotidiano e alcançarmos o quanto antes o próximo para, na maioria das vezes, fazermos as mesmas práticas –. Redarguiu Robert que assim continuou: – Alguns objetivos se impõem à nossa conquista, uma regra válida para fartar nossos desejos insubmissos e insaciáveis. Passamos o ano inteiro procurando alcançar sucesso pessoal que se traduzem comodamente em dinheiro e amor. Dois objetos que mais se parecem com virtudes, sabendo-as imprescindíveis, mas ao contrário do que aparentam, nada fáceis de obter. O “Money” é motivo de viver, sem ele, torna-se desmotivada a vida, mas raros os homens que se dizem desmotivados – que o digam os mendigos –, sempre conseguindo o ganha-pão, sempre com uma ou duas moedas no bolso furado, ganhando a vida porque vivem na agonia, mergulhados em esperanças perdidas alimentadas pela fé, fonte inesgotável de poder; aliás, tão bem praticada pelo nosso patrono Jesus Cristo. – Sim, nosso primeiro motivo de viver é o dinheiro, sendo ele pouco ou muito ou nada, ainda assim astuto, irrefreável e disponível. E o amor? Indagou-lhe Smith não compreendendo muito aonde o orador pretendia chegar, mas admirado pelas palavras, decidiu aguardar o final da explanação. – O amor é sempre uma conquista insana, depende de vários fatores para nutrir-nos com seus frutos, também insaciáveis, caros e tão trabalhosos de conseguir quanto o dinheiro. Uma procura sempre disfarçada que se pretende adquirir sem esforço, por espontaneidade, casualmente. Uma mentira. O amor surge como necessidade de ser feliz, mas não se pode traduzi-la como felicidade. É parte fundamental, mas... pode-se mesmo ser feliz acaso sem amor ou ter-se amor sem se ser feliz? – Sim, é viável. Porque amei o ano inteiro e continuei infeliz, e a maior parte da minha trajetória fui feliz, muitas vezes, sem mesmo amar. – Expressa Smith de acordo com Robert. Ingratos esses sentimentos que perpassam nossas memórias, síndromes de nossa cultura, enraizadas e preconizadas aquém e acolá. Injustiça de almas impregnadas pelo desejo de ser feliz. Felicidade que quase não aparece e que insiste em manter inalterado certo egoísmo e burrice de buscar sempre as mesmas realizações. Desista pois de tua ansiedade, meu caro Smith, olhe para o céu e veja o padrão do sol nascente e poente, da lua e suas fases, das estrelas e sua disposição, dos poucos momentos de felicidade e muitos de infelicidade, outros de amor e ódio; dessa dualidade composta de erros e acertos, desesperos e esperanças, ou seja, da vida e seus círculos viciosos. Diga adeus a esse ano, e não anseie que o próximo te seja diferente porque não o será. – Smith odiou aquele tom de repugnância e indiferença, notou uma certa expressão infeliz, mas deixou que seu bom sentimento e esperança falassem mais alto e, desinibido e também indiferente, desejou um feliz natal e próspero ano novo a seu companheiro. Sabia que a trilha era longa e, certo de alcançá-la, continuou seu trajeto.

10 de dez. de 2009

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5 de dez. de 2009

Saudade!

Saudade, lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que nos vemos privados, - diz o dicionário Priberam -. O poeta, “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. A história: saudade vem do latim "solitas”, “solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". Define, pois, a melancolia causada pela lembrança, a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Para mim... apenas o que se foi, o que está tão longe de alcançar, tão influente na memória, tão necessária na vida. A saudade, - ah! sentimento bom! – me faz sorrir de tristeza quando me lembra alguém que não voltará mais, alguém que deixou de existir, um verão, uma fragrância, um suspiro. Mas a saudade também me faz sorrir de alegrias quando me oferece a chance de recuperar o tempo perdido. Mas a contradição não deixa latente. Não dá pra recuperar o que o tempo distanciou. A correnteza é esperta e renovável, nunca devolverá a mesma água. Mas a saudade é forte e artificiosa; maquia os sentimentos deixando-os tais quais eram dantes. Oh! Saudade! Tenho orgulho de ti que tramas com a memória me fazendo ora feliz ora infeliz. Dualidade que se equilibra na mente enrugada de um pobre saudosista. Ah! Saudade! Como andas cansada de sentir os mesmo desejos, os mesmos ventos, os mesmos ares e lugares que não te diziam nada, não te inspiravam, realizavam! Acho que o passado-presente não te deu o devido valor. Foste tão desmerecida, por isso corres transeunte a procura do teu espaço. Mas Saudade, ah... saudade!, não vais encontrar esse espaço. Já se perdeu no tempo, teu triste inimigo, tão velho, tão imortal, infinito. Saudades, pra que te tenho como irmã se a memória me dá as mesmas lembranças sem o tom do amarelo, azul, preto, branco. Eu sei que preciso desses tons para colorir a minha vida, o meu passado, o presente e um pouquinho para o futuro. Eles têm significado, transformam atos em ações, valorizam mesmo com suas tristezas a alegria do passado. A memória seria vazia, me apresentaria as imagens sem me causar comoção. É isso, tenho orgulho de ti, Saudade, saudades de Ti.

30 de nov. de 2009

Medo!

Tenho medo de ser traído, de ter feito a escolha errada, de ter comprometido o meu futuro. Tenho medo de não me superar, de não evoluir, de não ser ideal, real. Medo de não ser visto, sentido, respeitado, admirado, elogiado, amado. Tenho medo de não me ver adulto, filho, pai, irmão, marido e amigo. Tenho medo das pessoas, do que pensam, vêem, sentem, respiram ou inspiram. Tenho medo do manto de cegueira que cobre o céu, os amigos, o mundo. Medo do escuro, da claridade, da chuva, do vento, porque o primeiro cega e o segundo também cega, e o terceiro molha e desfaz os meus desejos que se constroem no lodo e o quarto porque esvai as minhas esperanças. Tenho medo de sentir medo, de sentir alegria, de sentir esperança, de sentir você. Se tudo se exclui, se tudo se transforma, se tudo se inova, por que continuo sentindo que nada muda? Tenho medo da razão que não me ajuda a superar os traumas da minha consciência, tenho medo da ignorância por não me alertar das peripécias de minha mente. Tenho medo de ser eu porque não posso ser outro, e medo de me ver nos teus olhos quando o que eu mais quero é apreciar tua ires. Quero ser você por me fazer bem; e ser o bem que esperas. Quero aparecer, mas não existo, quero existir, mas não apareço, por que sinto medo do medo de ser.

5 de nov. de 2009

Mesmos Mesmos

Nesse momento as horas não mandam em mim. Estou cansado e com hora marcada para cumprir mais uma agenda estressante ao amanhecer. Por isso ignoro as horas e permaneço acordado pensando no vazio da minha vida e numa forma sábia de preenchê-la. Ouço música e percorro algumas páginas da web procurando informações, poemas, personalidades, coisas. Algo que me dê luz, significado, esperança. Mas nada. E as horas estão passando. O dia está chegando e a insônia mantendo sua palavra: “não te deixarei hoje”, “serás meu hóspede por obrigação”. Tento analisar se o dia anterior à madrugada de hoje me trouxera algum benefício, se me fez mais sábio, mais maduro, mais feliz. Nada. Ainda sinto o mesmo desprezo, o mesmo cansaço, a mesma melancolia, a mesma frustração, a mesma ignorância e uma pilha de outros mesmos e mesmas do meu cotidiano. Nada acontece e as horas correm e o dia se impõe como se nada fosse mudar. Já me sinto obrigado a dar uma escapada pela janela. Fugir da insônia. Ela é mais poderosa. A contragosto e por dominação necessária sou obrigado a cumprir mais um dos mesmos mesmos do cotidiano. Por vazio só me entendo mesmo na mesmice. Ah! Como está lindo o dia.

2 de nov. de 2009

Frustração.

Hoje me sinto sem definição. Se perguntarem quem sou, não saberei responder. Acredito que sou um anjo, se bom ou mau, pouco importa. Não estou vivendo para mim, não estou fazendo nada por mim. Respiro em certas ocasiões um ar de outras vidas. Estou me dedicando muito a agradar os outros que esqueço de me agradar. Minha vida está se esvaindo, ficando sem sentido, sem direção. Todos precisam de atenção, é justo, mas e a mim, quem me prestará esse sentimento?! Hoje acordo com as horas contadas e na pressa de cumpri-las sem falha. Não escovo mais os dentes, me banho, me visto bem apresentável ou tomo café da manha por prazer, as seis horas da matina. Só o faço por que tenho um compromisso inadiável com o meu patrão, por que preciso estar limpo, alimentado e apresentado para me escravizar e dar lucro a ele. O que ganho? Justamente as roupas e a alimentação, sem esquecer dos suprimentos de higiene pessoal, afinal, minha imagem é o lucro da empresa também! Mas não pára por aí.

9 de set. de 2009

Sobre insegurança e ciúme.

É considerável afortunado o sujeito que nunca reconhece em si o sentimento horroroso, desprezível e sem nexo de ciúme e insegurança, que toma conta das emoções e a barbariza, a ponto de cometerem-se atrocidades que destruiriam qualquer relação. Ficar-se-ia feliz pelo sentimento seguro de indiferença ao amor quando de uma possível perda da pessoa amada, quando uma relação não dá certo, ou quando uma parte rescinde o contrato deixando lesada a outra, e seria estranho não pensar que todas as fichas apostadas nessa relação poderiam invalidar para sempre uma vida sonhada e almejada. Pois quando se ama, sem nenhuma reflexão, sonha-se e acredita-se que daria certo viver com alguém que no momento presente proporciona toda alegria e felicidade indescritíveis. E não temer o futuro incerto diante dos pequenos percalços, maus momentos, discussões sem importância, tédio repentino e efêmero. Desprezar o pensamento de insegurança é difícil quando se namora alguém mais jovem ou quando as primeiras experiências foram proporcionadas por uma única pessoa. Causa estupor em saber que para conhecer a diferença entre o doce e o salgado, às vezes, é preciso provar dos dois, só daí se tira a conclusão entre um e outro e, muitas vezes, tem quem prefira ficar com os dois. É nessa filosofia, que numa relação à curto ou longo prazo se tem a certeza de alguma frustração futura, como a infidelidade. A precipitada inobservância do sentimento gratuito a que se prestam as partes do relacionamento acaba atrapalhando exageradamente muitos relacionamentos, porque as duas partes se amam, uma sempre acredita que ama mais que a outra. O esforço é compensador quando se evita tal sentimento. Já o ciúme é algo mais complexo, causa repugnância e desmerecimento. O egoísmo e o orgulho podem ajudar. Pensar mais em si aprimora o superego e reduz a pessoa amada a um plano minúsculo e, por outro lado, atualiza certo machismo genético, animalesco e intuitivo que impulsiona à posse. Uma vez jurado amor entre duas personalidades, a mulher passa a pertencer ao homem e esse a ela. O orgulho, por outro lado, ensina a esconder as emoções, também figurativizada pelo machismo. Não é sem importância que muitas relações acabam. Ideal seria se se pudesse manter sempre o sentimento indivisível, individual, permanecer solteiro, se abster de qualquer união sentimental. Mas sabe-se ser maior a necessidade de completar a proposta da natureza. Uma forma talvez de resolver problemas relacionados ao ciúme e insegurança seria o de suprimir os significados atuais e aplicar uma carga semântica diferente da usual, modificar sua ideologia social, e torná-los humanamente insignificantes para si. São sentimentos que não existiam em algumas culturas. Não dá para ficar preso à simples elucubrações. Se o relacionamento acabar, paciência. Sem medo de seguir em frente, sem depressões e sem arrependimentos.

30 de jul. de 2009

A dívida que os homens pagam.

Todo mundo nasce com um pé na cova, como dizem “para morrer basta estar vivo”, mas por que insistimos em apressar a morte? Ao longo dessa jornada vi muita gente se depreciar, ou quase morrer. Conheci pessoas doentes, físico e psicologicamente, mas a questão é que todos tendiam para esse fim (…). Numa conversa de bar, alguns amigos na mesa, conversando. Papo sadio, “tudo na moral” e uma pergunta infeliz, é claro, “por que fumas afinal?”, pergunto eu, “por que bebes afinal?” pergunta ele. Pra essa pergunta já ouvimos várias respostas, “gosto muito”, “me dá prazer”, “é vício”, “levanta minha autoestima”, e assim por diante. Sim, todas elas muito práticas e muito verdadeiras. Tenho constatado que qualquer vício possa nos levar a cova, pode não estar associado ao tema principal, embora venha ao caso que o vício e a vontade de morrer também andam juntinhos, par e passo. Vejamos: o indivíduo que fuma, tem consciência do que é veiculado eternamente pelas mídias e experiências do submundo sobre o que o cigarro acarreta. Vários tipos de câncer, dependências psíquicas e vários outros tipos de afecções. Mas existem os que fumam consideravelmente sem demonstrar receio e os que, já informados, se matriculam nessa escola com direito até a diploma. É estranho sim, mas os diversos tratados de sociologia explicam esse autocrime como forma de manifestação social do ego. Nem preciso revelar que qualquer droga é um remédio, só depende da dosagem. Muita dose de álcool te leva ao coma, muita dose de heroína te derruba ao coma, muita dose de amor não correspondido te leva a “depré”, etc. Estamos muito preocupados em nos acabar. A vida deve ser muito depressiva mesmo. Exemplo: quando nascemos, p’ra acordar e ficar esperto, levamos um tapa na bunda como boas vindas ao mundo, isso não é nada, tanto que ninguém lembra do primeiro tapa. Mas a vida prossegue cumulativa em seus absurdos. Depois dos seis anos todo mundo é meio que obrigado a seguir carreira na escola, são 12 anos de pura chatice, o mal necessário, “acho que a história ainda é sobre isso”, aquela dose de escola serve pra quem é pobre, fora as exceções, mais 4 a 6 anos para quem pretende mais, oh! Que busca insana pelo prazer de conseguir “se dar” bem na vida, ganhar muita grana, depois gastar em putaria, drogas e rockin´roll, “funk também serve”. Pior quando nada desse esforço dá resultado, aí “você pira o cabeção e se fode por inteiro”. “perdoem o disparate, dá mais ênfase ao texto”. Trata-se de uma corrida ao nada... (continua quando o narrador acordar)

13 de jun. de 2009

Quem és tu que desafias a minha consciência? Conheço-te há tanto tempo, é certo, que tenho te provido todas as 20feb07AsasDoDesejonecessidades. Por  que não paras um pouco e me deixas aproveitar o que tenho agora comigo? Quando me pedes algo,  te alimento, quando te alimento não te satisfazes. Já agora me vejo com tantos outros pedidos, de tantos que ficam na fila a espera para serem atendidos. Mas este! Não te posso cumprir. Não me faz necessário. Tudo bem! Sei que não precisa ser necessário, apenas intuitivo quando incontrolável. Vens de mansinho como quem não quer coisa alguma que já me repulsa a tua obrigação. Ah! Sim. Vens fazer-me bem. O bem que me queres fazer poderá fazer mal a outrem. Pois bem que entendo que tens obrigação para comigo, os outros que se danem. Mas eu tenho obrigações com o próximo e te atender vai desatender o próximo, nesse caso. É cruel, mas muitas vezes preciso descuidar um pouco de ti para não desequilibrar a minha balança. Sabes que fazes tão bem quanto mal a sociedade. Mas não vamos entrar nesses detalhes. Hoje me pedes que te faça feliz, hipoteticamente. Mas se te faço feliz faço infeliz a alguém. Se te ponho num lado, noutro tiro. Uma via de mão dupla. O que me dizes?!... Santa paciência. Peno que não te possa realizar, pois a tua concorrente já se adiantou. És um de muitos filhos. Tua mãe é parideira nata. Um a cada instante, dos mais diferentes tipos. Não dá. Quem és tu afinal? Como? Ah! Entendi. És aquele que necessita ser saciado, és o desejo. Santo desejo!

10 de jun. de 2009

Que mais falta?

rosa“Nós buscamos driblar o tempo em busca das nossas satisfações, mas o tempo passa e elas não são supridas!”.

Terna juventude! Bem ali ao lado olhando-me com olhos canibais. Lindo o nosso desejo que esvai as fraquezas de nossos valores tradicionais. Ah que vontade! Como te queria bem ali justinha ao lado deste corpo que tanto te ama. Ainda que por alguns momentos, poucos intensos momentos de paixão e alegria e felicidade e amor. A espera desses momentos é uma fraqueza humana que alimenta a impaciência com demais voracidade. Mas cumpram-se, com desvelo, as promessas nefastas de abdicação a castidade, até que se faça fruto comestível a promessa do sagrado matrimônio. Ah! Injúria desse amor, dessa tradição. Nego-te como a quem nega o pai. Não espero que o meu prazer tenha futuro, apenas presente. Viver a intensidade contínua, sempre presente. Quando acabar, se fará passado vivido e não futuro. Quero que o futuro seja o presente continuado. Pra que esperar pelo que se apresenta pronto? Meu presente, serias, de todas as manhãs caso me ousasse o presente ter-te aos meus braços. Mas ele não ousa. Tem ciúmes do que se pode construir com tanta paixão, tanto amor. Por isso, se intromete e cria obstáculos em maior ou menor grau. E mais empecilhos. A intenção é desvelar algum sentimento que atrase e amorteça o peso dos sentimentos atraídos. Mas ele é falho. Aquele amor é tão duro e belo quanto o diamante em nossos corações. A paciência será eterna enquanto jovem e realizada quando devorada.

25 de abr. de 2009

Eu e você.

Eu consigo ver em você tudo que é contrário fora de mim. Sem dúvidas, nossas características não se assemelham. Mas eu consigo transpor essas diferenças quando vejo através dos teus olhos as tuas infinitas qualidades por dentro. Talvez porque você seja muito similar a mim, não por fora, mas por dentro.

autoria

Yasming Pereira

9 de abr. de 2009

Trabalho Árduo

Cansaço. Árduo viver sem expectativas. Embora existam aos montes, se tornam vazias quando a vida as impede de acontecer. Não me faltam objetivos para conquistar meus sonhos, mas por que é tão difícil vivê-los? São anos e anos a ferro e fogo sobrevivendo aos males do cotidiano, enfrentando várias depressões: relacionamentos infortúnios, trabalhos ingratos, bolsos vazios, estudos descompensados, etc. Parece que a maré está contra tudo e nada que se faça pode Pará-la. Como viver assim?DSC03286
Uma solução: largar todos os sonhos. Sim, se nada os realiza, deduz-se que o que está errado não é a realidade, são os sonhos. Os meus sonhos. Mas é difícil, tamanha à distância percorrida e os investimentos aplicados durante todos esses anos. Não é medo de tentar de novo, pois tenho idade para viver ainda, pelo menos, quatro vidas diferentes, ou não. Afinal uma vida não custa uma bala de morango, algumas vezes R$ 10,00, mas a minha... já tem ultrapassado os (...). Não. Essa não é a solução, definitivamente. “Se nada der certo vire hippie”, esse o tema satírico dos anos 70, “Hippie não se preocupa com porra nenhuma” / “Só fuma maconha, e tudo é paz e amor” / “Não dá valor as coisas materiais” / “Não tem endereço certo” / “Não tem cobrador batendo na porta” / “tem que vender uns artesanatos”, [para ganhar o pão e a maconha do dia]. Não, essa não é a solução para mim. O dinheiro me interessa muito, satisfaz em muito minhas necessidades e permite o meu desenvolvimento humano, não dá para viver sem me preocupar com as “coisas” do mundo, pois ser humano implica à responsabilidade com a sobrevivência da espécie, manifestação voluntária e necessária. Preciso de um teto, pois em baixo da ponte o barulho dos trens, ônibus, carros, pessoas, brisa, chuva, etc., me incomodariam em excesso. Cobranças na porta? Não tem como evitar, é resultado da organização social do livre comercio / lei da oferta e procura / à base do escambo, que precede em muito a nossa geração. Maconha de vez em quando até é legal, mas reduz nossa percepção e retarda a psique. E VENDER ARTESANATOS? Não, essa vida não me pertence. Definitivamente não. Prefiro continuar adubando essa merda de vida e extrair dela seus frutos. E ainda que demore, a esperança será a única a morrer. Do cansaço do corpo, uma soneca. Do cansaço da alma, aqueles objetivos e sonhos, descanso só quando alcançá-los.

Sérgio Ventura

8 de abr. de 2009

Minha ilusão conquistada

Minha ilusão conquistada (em construção)

Percorri toda a minha vida achando que não encontraria alguém com quem pudesse compartilhar os meus segredos, as minhas emoções. Estava enganado, pois no dia em que menos esperava uma figura se apoderou dos meus sentidos. Não se comparava as figuras do meu cotidiano. Tinha algo diferente. Aqueles olhos... castanhos claros brilhando e reluzindo a esperança outrora perdida. Entrecruzados, os olhos repetiam movimentos descontínuos de dois seres procurando significados nas insignificâncias de suas vidas. Mágico. Foi o momento de enlace. A sede que alimentava os problemas de ambos sendo saciada pela correspondência inacreditável entre os dois seres. Eu... fiquei extasiado. Não havia experimentado tanta paixão, tanta intensidade nos jogos sinestésicos. O toque, o beijo, o grito. Sim, o grito à liberdade, à expurgação, à catarses, à conquista. Um encontro platônico entre dois que se uniram em prol de um sentimento: a paixão, o amor.

6 de abr. de 2009

Filhos da rua


Filhos da rua

Chegado a Lapa, meio confuso pelo visual semi-deserto em que se encontrava, apenas alguns transeuntes, comparado com a imensidão e profusão de gente das mais variegadas tribos, e o tumulto de sexta e sábado, vi-me imerso no medo. Medo de ver aquele local descaracterizado, destituído de tudo o que o torna sagrado: dos ambulantes vendendo seus aparatos simbólicos do nacionalismo carioca aos tipos estrangeiros perambulando entre a multidão, as bebidas excêntricas, alhures batizadas como incentivo ao capital, o fumo sagrado da noite de jovens patriotas da cultura pop / hippie / hip-hop, mulheres travestidas em homem, homens travestidos em mulher, boates e antros de delírio gestual, gêneros de músicas e ritmos que traduzem o gosto popular, ricos – pobres, convergências da zona sul e norte e oeste, o subúrbio e a metrópole, e muitas outras sinestesias, contrariaram àquela expectativa: ver igual à lapa de sexta ou sábado, o domingo. O medo, nem tanto pela frustração de não ver a Lapa como a descrita, mas, com pior aspecto, de ver os “filhos da rua”.

Lembro muito bem de ter ouvido, por expressão de muitos, entre outros jargões, “fui assaltado na Lapa”, “a Lapa é muito perigosa”, “se for lá, que seja em grupo”. Lembro também de nunca ter presenciado tal “fato” o que contraria as assertivas, mas não diminui o medo. O medo de ser assaltado.

Relutei. Mas posto lá, em pleno domingo, decidi, ainda que descontente, me engajar na descoberta de algum lugar conhecido ou desconhecido que me fizesse gozar os prazeres que só o lugar proporciona. Caminhava e observava apreensivo os poucos lá se encontrando, pois guardava no bolso míseros reais, o suficiente para alimentar a fúria de um estomago faminto. Decrépitos, sem tetos, crianças do berço às idades maiores, pessoas com rumo traçado, talvez para a vala comum de indigentes, a marca registrada da força tarefa que intui ao primeiro mundo o Brasil. Uns fumando, cheirando... a guimba largada ao chão, a cola de sapateiro às sobras, a gasolina do posto entre a Mem de Sá e a Riachuelo, outros gozando de maior liberdade, descendo à goela a pureza do álcool. Tantas visões que num plano superficial não significam muito comparado aos prazeres e liberdades que buscamos no centro. Mas existe aí uma diferença: a nossa diversão na escola de formação dos filhos da rua.

Dir-se-ia escola de formação, pois sabendo-os lá ás sextas e sábados, entremetidos na multidão, em disfarces do gênero, corriqueiros e agrupados, ludibriavam nossos sentidos, assaltando nossos bolsos e bolsas. Nunca os tinha visto a não ser pela desconfiança que, talvez, dava existência a insegurança e alimentava meu medo no domingo. Infernal pensamento, frustrado certamente pela incerteza de minha diversão. O aspecto era deplorável. A Lapa tomada pela pobreza e imundície da cidade que dos olhos vendados das sextas e sábados somente nesse dia para descortinar no meu âmago a realidade da vida que nos rodeia.

Amparo não há àqueles que vivem no chiqueiro. Vidas sem significados, como o pobre que se finge de cego, em dias de correria, a pedir esmolas. O número consistente de deslocados em busca de algo que não acharão nessa vida, embora se preze a instituição na busca por significar e dar sentidos a essa “gente” pobre, sem natureza, que finge estar viva, que vive para tirar vidas, que morre por não existir; Fácil viver, passeando aqui e ali e não enxergar que algo desanda, regride, se corrompe. Uma cura é aclamada: o esquecimento, a cura de todos os males.

Mas de onde saem tantos? Como se formam os grupos, como o ciclo se efetua? Como as mentes perversas se estruturam? Não importa muito. O tempo é caro demais para responder às perguntas. Deles, a salvação de Deus.

Frustra evidentemente pensar que a minha vida possa cruzar-se com um tipo desses, um delinqüente, algo parecido, como criaturas excomungadas do Céu. Não fazem parte do nosso ciclo social, mas estão ao redor, na margem, prontos para atacar. A proteção: fé.

Embora inseguro, andei pelas ruas comprometidas com a satisfação do cliente, cruzei com uns poucos procurando o mesmo que eu. Bati os olhos ao redor, um bar ou outro; ambos vazios, sem atrações, nada empolgante, mas persisti. A Sinuca da Lapa – como não havia pensado no lugar? – embora desestimulante pela minoria ocupando o espaço eu convenci-me de que era o ideal. A sinuca, o “drink”, o adversário. E o medo? Esse sumira dado o ambiente envolvente, a música, a diversão, o bate-papo com o desconhecido que se oferecera para a partida na mesa, fizeram da frustração a absolvição.

Por aí, a minha corrida acabava. Minha diversão era a catarses de seis dias trabalhados e minha revolta foi momentânea, mas no meu texto, ficaram o lamento e a esperança de que os filhos da rua possam ser, algum dia, filhos do homem.

4 de abr. de 2009

para gisella

Há em seu primoroso coração
Uma luz a brihar mil estrelas cadentes
Beleza infinda, sonho de mil noites de verão...

És estrela, és lua... Princesa noturna
que encanta e rejuvenesce a alegria de viver.

Vou contar uma história sobre filosofia

Vou contar uma história sobre filosofia:

Existe um princípio que se chama "(...)"

A (...) conceitua que no mundo tudo acontece de forma cíclica, movimento contínuo como num círculo: o ponto de partida é o ponto de chegada e vice versa. As transformações que acontecem no mundo ou mesmo em nossas vidas tendem a se repetir. Vivemos em constante crise: o que você é hoje concorre para um eu desigual, que não aceita o "eu" de agora e promove outro "eu" em oposição àquele. Dessa concorrência entre o eu de (hoje) e o eu de (amanha) nasce um eu diferente: o eu de ontem (hoje) + o eu de hoje (amanhã) = ao “EGO” de amanhã (hoje). - história bobinha, “né”? A base filosófica é simples: tudo o que fazemos na vida é uma tentativa de mudar o que está exposto, o que é dado. E quando uma transformação acontece e se impõe em nossas vidas, acontece de novo essa concorrência à mudança.

 

 

prosa e poesia

Imagine uma balança... ela esta aí para pesar tudo o que fazemos e tudo o que sentimos: de todos esses sentimentos, passados ou futuros, e de tudo o que é possível fazer, quero apenas que fiquem na balança o maior dos meus feitos e o melhor dos meus sentimentos, por que você simplesmente me FAZ SENTIR , um SENTIMENTO FEITO DE PAIXÃO, DE AMOR!

 

Te quero muito!!!

 

P.S.: guarde para quando não precisarmos esconder nossos desejos e emoções!

O que se sente

O que se sente!

 

Amores nunca são feitos p’ra durar

Eles apenas iludem-nos

Com grandes provas de afeto

Fazendo do verão o inverno.

Amores são só o jeito mais fácil

De provar

Que seremos sempre presidiários:

 

Fujo do amor, somente

Longe de sentir

O seu veneno...

Não minto, só não sinto...

 

Quem me ama

Não quer nunca,

Mas nunca, perder o que ofereço.

 

Não é amor!

É verdadeiro.

É sentimento.

É o que me faz amado.

 

Como? Por acaso não dizeis

Que dele foges

E não sentes?

Amor falado, não!

 

Só dele merece

Quem dele desfruta.

Eu sou o fruto

Alguém é a árvore;

 

O amor só faz sentir

Quando o coração calado

Quer ser ouvido

Eu, sou só o surdo

E o mudo

Não falo

Per si “só”

Sou apenas o tímido!

O Poema que Morreu

O Poema que Morreu

Ricardo França

Um assassinato.
Tudo indicava assim.
E o coitado do poema, estirado,
era coceira na curiosidade pública.

Chegou o delegado
- e cismado -
foi tecendo em pensamento
as inconstantes formas da dúvida.

Uma interrogação passeava ali.
Crescia e engordava
- proporcional -
a cada pessoa que parava
na pele da já recém formada
multidão.

Não demorou muito e apareceu o legista.
Ele era meio esquisito,
tinha tique nervoso
e coceira na vista.
Examinou o já lido poema
e constatou o consumado fato:
- Morrera de amor, não de infarto.
Suicídio? Assassinato?
Quem faria o fatídico ato?
- Quem ??? perguntava o delegado.

E com um ar sherloquiano
pegou o morto nas mãos.

Sob os olhos atentos da multidão
exclamou a primeira descoberta:
- Não era amador o assassino, era poeta !
“Poeta ?” Indagou a multidão incrédula.
- Poeta! Confirmou alisando o imeeeenso bigode.
Chegaram então os repórteres,
a lavadeira,
o bêbado ainda de porre,
a dona Julieta, o doutor Onofre,
e todos, do sul ao norte,
mastigavam a mesma pergunta:
“Um poeta, mas como é que pode ?”
- Simples! - Explicou o delegado...
A tristeza, num homem apaixonado,

- Simples! - Explicou o delegado...
A tristeza, num homem apaixonado,
dói além do sustentável.
No peito, abre um buraco.
Tanto insiste
que não resta escapatória,
com o dedo em riste,
atrás da porta,
persiste o crime.
A arma utilizada
não foi revólver,
não foi faca.
Foi um sentimento amargurado
delineado no papel
por uma caneta esferográfica.
Já a paixão - continua -,
foi a vítima,
de vez esquecida,
varrida,
morta.

Não é caso de polícia.
por aí morre um amor por dia,
é uma palavra prolixa, doída.
Dor nenhuma deve virar notícia,
fez bem o poeta em matar essa paixão.

E terminou largando o poema no chão.
Seguiu em frente, sumiu na multidão
que por sua vez se desfez
com a mesma rapidez
que se formou.

Mas do vazio que ficou - dilacerado,
permaneceu solitário
um adolescente
com os olhos molhados
e uma caneta na mão.
Em passos lentos, assimilados,
aproximou-se do poema
no chão largado
e guardou no bolso
a história do amor
que minutos antes havia escrito,
e por qualquer descuido
perdido...

 

Ref. Bibliogáfica: http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/g01/poema_que_morreu_ricardo_franca.html

 

Fato!

Os dias passam.

Para muitos,

Passam rápidos.

Não para mim.

Não passam,

Porque,

Conto os dias esperando você.

Mas você não vem.

Não veio ontem.

Hoje também não veio.

Conto as horas.

Os minutos.

Ah!

Como custam a passar.

Será que você vem amanhã?

Não sei.

Mas uma coisa eu sei.

É fato.

Mesmo você não vindo pra sempre eu continuarei a esperar você.


Poesia de um pobre poeta na estação de metrô.

Como conviver com os traumas do cotidiano

Como conviver com os traumas do cotidiano?

 

Estava acompanhando o desenrolar da história da menina Eloá, de Santo André, município paulista, pelo noticiário. Todo aquele tumulto, a dedicação da polícia para conter e evitar possível tragédia. Fiquei feliz quando as duas primeiras vítimas do seqüestro foram soltas. Mais feliz, ainda, quando da terceira soltura. – pois é! A polícia estava mostrando, deveras, ótima qualidade de trabalho –. Mas de repente, as medidas retroagem: a terceira vítima volta ao cárcere e, após desfecho frustrado do seqüestro, temos uma vítima fatal e outra em estado grave. De quem é a culpa – perguntam todos os que vêem acompanhando as notícias –. Alguns informados afirmam assiduamente a polícia como causadora, outros o seqüestrador. Outras, ainda, admitem a culpabilidade de ambas às partes, ou melhor, da vítima, da polícia, do seqüestrador, necessariamente nessa seqüencia. E assim vamos vivendo os traumas os cotidiano, sem saber ao certo de quem é a culpa.

doce copenhagen

Doce Copenhagen

 

Tão doce, atraente e irresistível,

Quanto o chocolate à sua mão

Em vitrine de Lojas Copenhagen

Seduzindo-me sem pudor

E impossível desviar-te o olhar

Atrevi-me a compor estes

Mínimos versos a louvar

Sua beleza irresistível vontade

De te ter!

 

Sérgio!

Diferenças

Diferenças

 

Eu vim de Angola

Sou o mestiço do escravo com o português

Eram inimigos, mas acabaram se amando

E nesse universo, eu sou o intermediário

 

E abro o meu coração para dizer

Que não odeio, mas amo o inimigo

Quando os caminhos se chocam

Sempre existe um intermediário

Esse sou eu

 

Deixei minha pátria

E caminhei pela terra

Do branco

Do preto

E do intermediário, essa terra abençoada!

 

Dela só quero levar

O que aprendo

Às terras triangulares...

 

Resolvi saber

O que nos faz tão diferentes

Se é a cor,

A cultura

Ou Apenas... a vontade de poder!

Amar verbo intransitivo

“Amar verbo intransitivo

Transito a rever vivo

O verbo verbalizando o Amor”