5 de nov. de 2011

Estradas mal paradas.

Quero estar adormecido na estrada da vida por estar cansado de andar e pisar sempre em falso, sempre descalço. Já há tempo doem-me as feridas causadas por ruas mal aplainadas, e o jazido sangue todo diminuído do corpo, despojos dos caminhos mal traçados; eu, pisante, andante, imparável; nômade; lobrigado a escolher a cada instante, entre cruzamentos, a direção certa – porque parado e traçado, só mesmo o destino –. Farto, instigo os instintos ao fim do meu caos, porque se todas as estradas, ruas, caminhos, direções, destinos têm fim, que os sejam agora o meu.

Sérgio Ventura.

23 de out. de 2011

Minha ilusão conquistada

Minha ilusão conquistada (em construção)
Percorri toda a minha vida achando que não encontraria alguém com quem pudesse compartilhar os meus segredos, as minhas emoções. Estava enganado, pois no dia em que menos esperava uma figura se apoderou dos meus sentidos. Não se comparava as figuras do meu cotidiano. Tinha algo diferente. Aqueles olhos... castanhos claros brilhando e reluzindo a esperança outrora perdida. Entrecruzados, os olhos repetiam movimentos descontínuos de dois seres procurando significados nas insignificâncias de suas vidas. Mágico. Foi o momento de enlace. A sede que alimentava os problemas de ambos sendo saciada pela correspondência inacreditável entre os dois seres. Eu... fiquei extasiado. Não havia experimentado tanta paixão, tanta intensidade nos jogos sinestésicos. O toque, o beijo, o grito. Sim, o grito à liberdade, à expurgação, à catarses, à conquista. Um encontro platônico entre dois que se uniram em prol de um sentimento: a paixão, o amor.

Sérgio Ventura.

15 de out. de 2011

Amamo-nos?

 

By Sérgio Ventura

- Se eu te amo? Que pergunta!… Claro que não!!!

- como assim, amor?!!! Como você não me ama?! Então por que estamos juntos todo esse tempo?!

- Dize-me tu isto.

- se o preferires!… és muito bom na cama, e não me faz mal o teu dinheiro.

- É verdade!... a propósito… se queres mesmo saber por que estamos juntos, eu digo-te… estou contigo porque me sais mais barata do que uma puta. Tenho-te sempre que quero e fazes tudo o que gosto. Pago-te uma mensalidade estúpida se comparada ao salário que pagaria a uma massagista, empregada doméstica integral, cozinheira e faxineira, modelo de plantão, contabilista, gerente e outras mais funções que possas imaginar. Com o que ganho, não poderia pagar tantos funcionários… faço-o a ti, e somente me permito estar porque me és viavelmente económica. Queres que continue?

- Não, meu amorzão, peço perdão por fazer as perguntas certas… às vezes esqueço-me que se é mais feliz acreditando na ilusão… a propósito, como estamos financeiramente?

- muito bem meu amor, a cotação da bolsa está favorável… triplicaremos nossos bens… isso deixa-te feliz?!

- Rsrsrs!

Sérgio Ventura.

7 de out. de 2011

Terra mia!

De um lado, terra;
De outro, terra;
Entre um e outro, mar.
 
Uma ponte única: o sentimento;
Um desejo premente: o amor;
O sonho ansioso: a união.
Sendo arquiteto, um barco;
Sendo marinheiro, o domínio;
Sendo amante, amada;
 
Toda a hora, você;
Toda a vida, você;
E a eternidade? Você!
 
Sérgio Ventura

24 de jul. de 2011

Páginas em Branco

Páginas da minha vida. Uma a uma sendo folheadas. O que procuro, não sei ao certo. Mas as folheio. E entre frases discorridas, nada encontro. Nesse ato, começo a reviver cada oração lida, e estranho um meu ser aí tão bem exposto. Não! "Seria eu espelhado nesse mural tão contrário a mim?" Duvido… e continuo. Releio nessas páginas a conquista de sentidos extraordinários: prazer e felicidade frequentes; um mundo prezado; o mundo por que busco alcançar. E estranho nessas páginas esse mundo esquecido que eu já vivera. Outra vez, os traçados escritos correndo, folha a folha, e o meu sorriso desenvolvido. Mas… na página seguinte... Branco; outra... branco. Estranho. Ouras mil em branco e... só aí me reconheço... nas páginas em branco.

Sérgio Ventura