17 de jul. de 2011

Letras em frangalhos.

 

life

Parei de escrever há um tempo. Não lembro quando nem o que escrevi pela última vez. A palavra escrita já há muito não alimenta a minha alma. Estou desconfiado mesmo que se tenha zangado comigo. Antes, dormia e acordava com ela e por ela; nada fazia que não a tivesse como companhia. Hoje… só solidão!

Acordo pela manhã sedento para expressar um sonho lindo emocionante… mas fogem-me as letras; por onde se escondem não sei; apenas que o sonho não pode ser expresso e compartilhado com uma folha que de branco já vira amarelada de tanto que não é usada. Eu e a folha fomos alvos de traição. Os sons do meu mundo não querem mais se transformar em grafemas, nem esses em vocábulos alinhados em frases mal codificadas. Meu mundo está se apagando porque não pode ser mais expresso por palavras escritas.

- E se eu pudesse compartilhar oralmente tudo o que sonho e todo o meu mundo? Seria possível!?... Não. - No meu mundo, só existo. Não há pessoas que possam compartilhá-lo comigo. Meu único intermediário eram os escritos que minh’alma fabricava. Eram os que me conectavam ao mundo real. Sem eles, foi-se o real, foi-se o mundo.

Estando eu separado das letras, fica o mundo sem dono e, real ou fictício, fica o mundo sem governo; estando eu separado do mundo, ficam as letras sem dono. Estando as letras e o mundo separadas de mim, fico eu sem definição, sem existencia. Uma vez que as letras acordam para a existencia o mundo, acordam-me a mim o mundo à existencia das letras. Se por elas vivo e vive o mundo, sem elas o mundo vivo em mim morre.

Sérgio Ventura.

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