19 de out. de 2010

O homem e a sociedade.

A crença na religião é o único caminho para a salvação do homem.

Sérgio Ventura

leidedeusmandamentosA vida em sociedade é marcada pela unidade de seus habitantes que em conjunto criam o que Rousseau outrora chamou de “O contrato social”. Deste contrato, todos os indivíduos prevalecem-se de regras estipuladas e instituídas pelos grupos dominantes no interior de cada sociedade que condicionam o modo de vida de cada habitante em si, sua relação entre os membros e sua finalidade dentro da própria sociedade. Ao que tudo indica, não foi possível determinar ainda, pelos estudos históricos já realizados, que existam sociedades não fundadas nesse contrato. Cumpre informar que o contrato social é formado por um conjunto de sistemas legislativos que assumem gradações e significados diferentes; mas pretendendo facilitar a sua definição, pôde-se empregar o nome religião. O contrato social é o contrato da religião. O social* estabelece o contrato; a religião, o mesmo. Observe-se: não existem grupos sociais sem um sistema legislativo; não existe religião sem um sistema legislativo. Os grupos que pertencem a determinado bloco só podem existir enquanto tal se estiverem dentro desse sistema; se fora, passam à margem; tornam-se estrangeiros em terra sem leis, sem organização, sem vida social.

Cada grupo dentro de sua sociedade organizada por leis determinadas, – e entenda-se que qualquer sociedade é regida por leis –, possui os benefícios de viver em comunidade. Para que esse benefício seja contínuo é necessário que esteja sempre, em sua mente, vigorando o espírito do grupo, da organização, da sociedade. O espírito daquele é o cerne da legislação, estando o indivíduo ajustado a ele, permite-o como nesta passagem bíblica, “pois onde duas ou três pessoas se tenham juntado em meu nome, aí estou eu no meio delas” (MATEUS, 18:20), ter o seu apoio, – leia-se, o apoio da sociedade –. Quando o indivíduo se opõe a essa sociedade, a sociedade se opõe a ele e o implica às suas leis, desfavorecendo-o em tudo e tirando dele todo sentido de uma vida em sociedade. O homem só é tal enquanto sociedade; tira-se essa e ele deixa de existir.

Associando a ideia de sociedade às regras de regência sociais, verifica-se que o homem só pode viver se tiver leis que rejam a sua vida e, dessa forma, é necessário entender como passamos do conceito legislativo ao conceito atual de religiões e das crenças. Há muitas definições para religião, e todas essas definições encontram seu fundamento na lei. Não há religião sem lei. Suponha-se que exista um grupo social formado por pouco mais de vinte pessoas; e essas pessoas vivam em grupo. Se cada uma dessas pessoas tivesse sua própria lei, se cada uma vivesse da forma que melhor lhe aprouvesse, ter-se-ia um grupo homogêneo? Certamente, não. Viver em sociedade exige que cada componente do grupo siga um mesmo ideal; a partir desse ideal ou ideologia, passa o grupo a criar a sua identidade: a identidade cultural. Toda e qualquer sociedade tem uma identidade, seja ela qual for, reflete suas marcas ideológicas, suas crenças e verdades, sobre tudo o que movimenta sua sociedade, por conseguinte a vida do homem.

As marcas ideológicas permanecem e tornam-se naturais, a história dessa sociedade forja nas mentes dos seus indivíduos uma visão única, homogênea e inquebrantável. Torna-se impossível ao indivíduo contestar toda a sua história; a história de sua vida.

A sociedade é composta por indivíduos; esses são regidos por leis; as leis refletem os costumes do grupo social; os costumes criam uma identidade no grupo, essa identidade compõe-se de ideologias que se tornam as crenças que, definitivamente, solidificam uma cultura. Todo indivíduo possui uma cultura: a cultura de seu povo. “A verdade do meu povo será a verdade da minha alma”.

As leis que governam a cultura do indivíduo precisam ter poder. Um indivíduo só é governado por leis que estejam associadas ao poder. A lei de uma sociedade precisa ser uma lei poderosa. Aquele que detém o poder manda; e o que não, cumpre. Pergunte-se nesse exato momento: quem tem o poder; quem manda dentro de uma sociedade? O homem? Ainda que seja formada uma sociedade e sua cultura pelo homem, o poder de regência não pode estar nele. Todo homem dentro de sua sociedade que quiser atribuir a si o poder de legislar falhará, pois um homem é igual a outro, diferindo-se apenas nos papeis que cada um exerce dentro da mesma sociedade, e tendo em vista a unidade das leis que regem um grupo social, seria fácil, se a lei, logo, o poder estivesse no homem, vir outro homem para tomá-lo. Não daria certo. Todos os homens lutariam para ter esse poder. A sociedade estaria disseminada e nada do que se convencionou no grupo social o levaria a progredir. Para que a sociedade não pudesse ser destruída pela corrupção humana, pelo egoísmo, os grupos dominantes coroaram aquele que não pode ser tocado, derrubado levado ao chão: Deus. Nesse objeto foi depositado o contrato social que regulamenta a vida de qualquer indivíduo, de qualquer sociedade. O homem não manda porque o homem não tem poder; se tivesse poder outro homem o tiraria. Mas quem pode auferir um poder que não está ao alcance?

Os indivíduos formam grupos de poder que organizam o contrato social e determinam o melhor modo de vida de sua sociedade; o contrato é um conjunto de leis elaboradas e massificadas no corpo social. O contrato precisa de uma casa e de um dono que o proteja e o faça valer: religião e deus. A religião é a identidade cultural do grupo; são todos os valores e costumes que ensinaram ao homem a ser o que é. Deus é a força; a crença; a ideologia; o motivo de o homem ser o que é. Religião e deus são a sociedade; os indivíduos compõem a sociedade, logo são a religião e deus, enquanto sociedade.

Tudo o que o homem aprende está inserido na sociedade; tudo o que ele é, é dado pela sociedade. A pergunta é: o que acontece quando esse homem se opõe a sua própria sociedade? As leis que governam o espírito do indivíduo exercem duas faces: a justa e a injusta. Um indivíduo só pode beneficiar dos valores do seu grupo enquanto estiver dentro desse grupo, enquanto seguir as regras de conduta, os direitos e deveres estipulados pelo grupo, os costumes; a tradição, etc. Terá, desse modo, uma vida justa e compensada. Sabendo-se que as relações entre indivíduos fortalecem o desenvolvimento da sociedade, a produtividade, a evolução, o indivíduo estará amparado, assegurado, garantido; salvo. Quando, por quaisquer razões, o indivíduo se opõe a sua própria realidade, a verdade de sua vida; tudo se lhe apresentará averso. Contrário. Tanto do ponto de vista dele como do da própria sociedade. Se ele nega a sua sociedade, a sociedade nega-o. Ele não pode participar da sociedade que nega sem causar estragos, e esses têm consistência negativa para a sociedade e por isso serão combatidos. O indivíduo será repudiado, sancionado, purgado ou condenado. A lei de uma sociedade serve para ser seguida e cumprida e aquele que não o faz é punido. O que a sociedade dá ao homem enquanto associado; também o recebe enquanto dissociado. Um homem não é nada fora de uma sociedade; é uma sombra no escuro; é um ponto indecifrável no mapa; é um homem sem causa; perdido; vazio.

Todas as crenças do homem estão apoiadas na sociedade que o criou, e todas as verdades de seu espírito estão ligadas às mesmas verdades dos participantes do seu grupo. Crer no grupo é uma forma de apoiar-se a uma força que dá sustento e segurança; crer no grupo, na sua sociedade, só traz benefícios; é o único caminho para a salvação do indivíduo; o homem tem um contrato: viver em sociedade e segundo suas leis. Por isso, o homem é um ser social e um ser religioso; o homem... é um ser de Deus.

30 de set. de 2010

O ensino natural

A natureza ensina ao homem doando-lhe conhecimentos positivos ou negativos. O homem, em geral, nasce com a capacidade de apreender tudo o que se põe ao seu redor, tornando-se um aprendiz nato. Mas esse ambiente não filtra o que lhe seja útil ou não útil conhecer. A transferência de informações, recebidas a nível sensório-motoras, invadem-no com o peso da paixão e do ódio. Uma primeira queimadura, ou um chute na pedra que o tira pela primeira vez uma unha; um banho gelado, ou o ficar no frio sem agasalho causando-lhe uma gripe ou uma pneumonia; um primeiro beijo, ou uma resposta acertada sobre alguma questão; andar de bicicleta, ou de patins, ou de skate sem cair; são experiências que agregam sentido à vida de um homem, ambas, boas ou más, que acrescentadas aos padrões culturais de cada sociedade, darão a ele uma forma, uma consciência seletiva ocasionada, não pelo ensino humano, mas pelo conjunto de sensações atribuídas pelo ambiente; pela natureza.

31 de ago. de 2010

Sim ou não à pena de morte?

Dois argumentos:

1. Deve-se legalizar a pena de morte no Brasil.

2. Não se deve legalizar a pena de morte no Brasil.

A legalização da pena de morte no Brasil é um fato contundente que deve ser apurado em todas as suas condicionantes para se ter de fato uma certeza quanto a sua efetivação. Apesar de termos convivido atualmente com a deflagração da violência indômita e sabendo que todos os recursos aplicados pelo governo Federal e Estadual no intuito de aplacar tal situação se mostram ineficazes, é justo ter-se como última ferramenta ideológica a sanção da pena de morte. As milhares de famílias destruídas por conta da violência e que até hoje esperam justiça, os milhares de presos que são libertos pelo indulto desregrado do sistema penitenciário e que voltam a reincidir nos mesmos crimes pelos quais foram presos, etc. são uma assertiva de que o único modo de conter a violência nos estados é, a prova de fogo, incutir medo na população criminosa devastando-a com esta nova lei.

Mas se pensarmos que somente e/ou tão somente por este caminho é possível conseguir tal empresa estaremos sendo medíocres. A legalização da pena de morte pouco influenciaria no índice de violência e causaria mais frustração e dor a muitas outras famílias. O Brasil é um país com bases muito fortes na religião Cristã, e segundo os preceitos da mesma, e ao contrário da lei de Nabucodonosor “OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE”, nenhum homem tem o direito de tirar a vida de outrem, muito menos o Estado. Podemos ter também como exemplos outros países, em especial, os Estados Unidos da América que adotam na maioria dos Estados esta Lei e, mesmo assim, não foi capaz de liquidar a violência. Devemos desviar a nossa atenção para possível resolução deste problema no cerne familiar, na educação e reeducação de todas as crianças do Brasil.

A pena de morte pode ser efetivamente descartada se o estado definir um sistema completo e capaz, legislativo e executivo, que possa valer definitivamente a constituição penal, além desenvolver sistemas concretos de re-inclusão social, expansão da rede de penitenciárias com significativa infra-estrutura, etc. Pois é pela falta dessas estruturas que chegamos ao limite de não vermos outra opção a não ser a pena de morte.

24 de ago. de 2010

Quisera ter!

Quisera ter asas para poder voar longe, onde os infortúnios da vida não me pudessem alcançar; e ter, grosso modo, no céu, o paraíso prometido aos fieis de coração. Além do horizonte, em que eu pudesse cantar os hinos da liberdade, revivendo só as melhores lembranças. Abraçar os velhos bons amigos; relembrar as mais tenras sensações; desfrutar dos prazeres da alma: o gosto, a paixão, o amor pelas pessoas, pela natureza; pela vida. Quisera ter a vida contada num livro que estimulasse gerações e gerações, tal qual a frase de “Maximus”, “o que fazemos em vida ecoa na eternidade”, para que pudesse ser lembrado e assim reviver nos corações de cada leitor todas as incontáveis alegrias por que passaria. Quisera poder ter tudo o que não tive: um paraíso, os bons velhos amigos, as tenras sensações; uma biografia; um presente feliz.

13 de ago. de 2010

O Tempo que cega!

Cega-me o tempo os sentimentos que mais amo. Hoje, na distante escuridão, falta-me algo… tão importante. Mas... tão esquecido que ando, foge-me à memória esse objeto. Os meses foram-se; demoradamente fizeram-me a lavagem cerebral e, sem remorso, deram-me um sentimento de falta, indescritível, profundo, triste. "o que havia lá atrás, no passado", pergunto-me! "sinto vivamente que eu não era melancólico, pelo contrário, audaciosamente feliz; mas o que será que me fazia tão contente?!!!" Ah! esse tempo!, como é repugnante! Penso que viverei com essa ansiedade de conhecer e viver o segredo de uma felicidade de outrora, "quem sabe", vivida, aproveitada; hoje, negada; desconhecida!