27 de out. de 2010

As diferenças culturais: tese – antítese – síntese

A partir da criação de um grupo homogêneo em que se definem povo e cultura, suas leis e bases fortalecidas pela comunhão de uma mesma consciência, há por período longo, uma estabilidade social. A sociedade e seu contrato social vivem num regime chamado de síntese. Não há conflitos; apenas harmonia. Mas a tendência humana é o dinamismo, a evolução; nada se conserva em seu ambiente, não por muito tempo. O ser humano cansa-se; reavalia seus princípios com a finalidade de melhorá-los; nada que se lhe apresenta é definitivo; é inconformado. Imagine uma comunidade formada por pouco mais de cem homens. Esse grupo precisa viver em harmonia, e para isso institui regras de conduta que correspondam a necessidade da vida grupal; O tempo passa, o grupo muda com novas gerações, mas as regras permanecem. O único ponto solto serão as regras. Elas se conservam com a história e a tradição do grupo. Mas o tempo continua passando e afastando as primeiras gerações que criaram o grupo das novas gerações e, com essa separação, acontece algo previsível: a história e a tradição passam a tornar-se obsoletas; a história começa a deturpar-se e a apagar-se para as novas gerações tornando fracas as influências primitivas do grupo. Nesse momento, o contrato social, as leis e bases desse grupo começam a ser contestadas, reavaliadas, mudadas. Passamos para um novo nível: a reconstrução ideológica do grupo.
Não é fácil derrubar os valores entranhados no grupo; o sentimento de confronto e o desejo de mudança serão sentidos, a princípio, por poucos dos participantes desse grupo. Haverá uma insatisfação e inconformismo quanto aos preceitos que regem as suas vidas e, desse modo, tudo se tornará estranho para a nova geração social. Nascerá a intolerância, a discórdia, a desordem, o caos. Uma parte do grupo precisará mudar porque não se adequará mais a sua sociedade. Haverá a separação. A separação do primeiro grupo não será fácil; costuma estar associada a muita batalha, porque nenhuma sociedade quer ver-se dividida; mas logo acontece: ter-se-á dois grupos, um oposto ao outro, defendendo ideais contrários; esse é o ponto chave da evolução de uma sociedade e seus valores. A divisão do grupo que formava uma sociedade uniforme abala toda a sua estrutura, pois ter-se-ia uma mesma sociedade formada por dois grupos com ideias opostas. Não ter-se-á uma cultura, uma identidade, uma lei; mas duas. Nascerá da unidade a multiplicidade e, consequentemente, a liberdade de escolha dos componentes da sociedade entre uma tradicional ou uma nova realidade ideológica.
Uma sociedade formada com ideais opostos não conseguirá viver em harmonia. Haverá muita tentativa de uniformizar e equilibrar a situação, mas essa resposta só virá depois de muitos confrontos e depois que o tempo trabalhar nas mentes dos indivíduos a conciliação das ideias positivas e aproveitáveis do grupo tradicional com as ideias positivas e aproveitáveis do grupo novo. Juntando-se o útil ao agradável, a mesclagem dos valores culturais dos dois grupos dará origem a um novo grupo, mais pacífico e com fácil tendência a assimilar os valores culturais dos dois primeiros grupos. O tempo e a distancia entre os costumes de gerações traduz essa tendência. Ainda que se tenha uma sociedade formada por três grupos e seus costumes, voltará pelo tempo determinado a reinar a harmonia disfarçada pela aceitação e homogeneização dessas culturas. Mas o processo de evolução continua; onde termina uma cultura, outra começa; e vive-se de novo e de novo o mesmo ciclo.

26 de out. de 2010

Conhecimento e Internet

A internet é uma ferramenta de produção de riquezas para quem a detêm e dela faz bom uso. Dessas riquezas se infere o conhecimento, mais valorizado do que nunca nas sociedades atuais.  A internet foi desenvolvida no início da década de 1970, com fim último de facilitar a comunicação entre comunidades e sua grande característica é o desenvolvimento social do homem moderno. Em pleno séc. XXI podemos considerar entre outras facilidades, a internet como sendo uma potencial ferramenta de manipulação e expansão de conhecimento. Uma sociedade organizada dentro dos parâmetros da inclusão digital dispõe de maiores recursos socioeconômicos. Quase todas as instituições nacionais se encaminham para o mundo digital, tecnológico, diminuindo seus custos efetivos humanos e aumentando seus lucros. À exemplo, empresas via internet como e-bay, wall-mart, submarino, internet bankings, e instituições com cursos à distância, etc.  Mas a proposta é falar sobre o conhecimento de forma generalizada com o auxilio da internet. Como podemos notar, aos adeptos da Word Wide Web, não há conhecimento produzido que não seja compartilhado na internet. Ainda que os conteúdos dessas produções fiquem restritos à comercialização, o marketing e a propaganda não deixam de fazer o seu trabalho, incentivar o consumo maciço. Exatamente o que ocorre no mundo moderno das tecnologias. Fabricamos informações, deduzimos conhecimento, vendemos e compramos essa ideia por que o conhecimento não é mais a moeda do futuro e sim do presente. É fato que os difusores de tevê, rádio e internet, produzem todo o conhecimento global aproximado às nossas consciências. Mas ao contrario da internet, na tevê e no do rádio, o individuo comum, por si só, não pode manipular nenhuma informação, é apenas um receptor ativo e transmissor passivo. Na internet o indivíduo é orientado por suas vontades e curiosidades de informação. Ela permite uma interação maior do indivíduo com as informações veiculadas por outras pessoas, permite ao indivíduo refutar e acrescentar, como exemplo o Wikipedia, a maior ferramenta de conhecimento global compartilhado. Seguindo a tendência do real motivo da invenção da internet, podemos citar também as ferramentas como Orkut, blogs, Messenger, em geral sites de relacionamentos, que servem para compartilhar informações interpessoais, estreitando as maiores distâncias e projetando um indivíduo mais social. As habilidades de uso que se fazem hoje da internet parecem ser inatas, haja vista, que os jovens de hoje já nascem inseridos nessa realidade, não a sua totalidade, mas a maior parcela. Essa tendência permite que a manipulação desse meio seja mais efetiva e produtiva, uma relação especial que orienta positivamente a maximização da prática e invenção de recursos mais organizados para uso liberal do homem.

A internet dentro da sala de aula pode facilitar a vida do professor de várias formas, é um recurso a ser utilizado em conjunto, com a cooperação dos alunos, dentro e fora mesmo da sala de aula. Uma aula bem planejada raramente necessita de um quadro e um piloto. O professor pode preparar a matéria a ser ministrada em casa, num programa de slides, em computador, com som, vídeos e imagens, a que chamamos ferramentas audiovisuais, permitindo maior dinamicidade. Em sala de aula após apresentação do conteúdo, pode-se facilmente conquistar e convencer os alunos a utilizarem também desses recursos para apresentarem um trabalho. Além disso, é possível desenvolver uma rede social dentro da escola que aproxime os alunos à prática de discussões e resoluções de problemas propostos em sala de aula. O professor pode informar um e-mail para envio de trabalhos, pode disponibilizar um site ou blog com os conteúdos revistos em sala de aula e informações curiosas que estimulem sempre a pesquisa de informação e fabricação de conhecimento no aluno.  Há vários usos para a internet, essa ferramenta inovadora que tem ampliado muitas expectativas do homem moderno. Não se faz nada sem ela, vivemos numa sociedade informatizada capaz de compreender e armazenar todo conhecimento humano e quem não faz uso dela obviamente despreza a realidade virtual e não colhe seus frutos.

Sérgio Ventura

19 de out. de 2010

O homem e a sociedade.

A crença na religião é o único caminho para a salvação do homem.

Sérgio Ventura

leidedeusmandamentosA vida em sociedade é marcada pela unidade de seus habitantes que em conjunto criam o que Rousseau outrora chamou de “O contrato social”. Deste contrato, todos os indivíduos prevalecem-se de regras estipuladas e instituídas pelos grupos dominantes no interior de cada sociedade que condicionam o modo de vida de cada habitante em si, sua relação entre os membros e sua finalidade dentro da própria sociedade. Ao que tudo indica, não foi possível determinar ainda, pelos estudos históricos já realizados, que existam sociedades não fundadas nesse contrato. Cumpre informar que o contrato social é formado por um conjunto de sistemas legislativos que assumem gradações e significados diferentes; mas pretendendo facilitar a sua definição, pôde-se empregar o nome religião. O contrato social é o contrato da religião. O social* estabelece o contrato; a religião, o mesmo. Observe-se: não existem grupos sociais sem um sistema legislativo; não existe religião sem um sistema legislativo. Os grupos que pertencem a determinado bloco só podem existir enquanto tal se estiverem dentro desse sistema; se fora, passam à margem; tornam-se estrangeiros em terra sem leis, sem organização, sem vida social.

Cada grupo dentro de sua sociedade organizada por leis determinadas, – e entenda-se que qualquer sociedade é regida por leis –, possui os benefícios de viver em comunidade. Para que esse benefício seja contínuo é necessário que esteja sempre, em sua mente, vigorando o espírito do grupo, da organização, da sociedade. O espírito daquele é o cerne da legislação, estando o indivíduo ajustado a ele, permite-o como nesta passagem bíblica, “pois onde duas ou três pessoas se tenham juntado em meu nome, aí estou eu no meio delas” (MATEUS, 18:20), ter o seu apoio, – leia-se, o apoio da sociedade –. Quando o indivíduo se opõe a essa sociedade, a sociedade se opõe a ele e o implica às suas leis, desfavorecendo-o em tudo e tirando dele todo sentido de uma vida em sociedade. O homem só é tal enquanto sociedade; tira-se essa e ele deixa de existir.

Associando a ideia de sociedade às regras de regência sociais, verifica-se que o homem só pode viver se tiver leis que rejam a sua vida e, dessa forma, é necessário entender como passamos do conceito legislativo ao conceito atual de religiões e das crenças. Há muitas definições para religião, e todas essas definições encontram seu fundamento na lei. Não há religião sem lei. Suponha-se que exista um grupo social formado por pouco mais de vinte pessoas; e essas pessoas vivam em grupo. Se cada uma dessas pessoas tivesse sua própria lei, se cada uma vivesse da forma que melhor lhe aprouvesse, ter-se-ia um grupo homogêneo? Certamente, não. Viver em sociedade exige que cada componente do grupo siga um mesmo ideal; a partir desse ideal ou ideologia, passa o grupo a criar a sua identidade: a identidade cultural. Toda e qualquer sociedade tem uma identidade, seja ela qual for, reflete suas marcas ideológicas, suas crenças e verdades, sobre tudo o que movimenta sua sociedade, por conseguinte a vida do homem.

As marcas ideológicas permanecem e tornam-se naturais, a história dessa sociedade forja nas mentes dos seus indivíduos uma visão única, homogênea e inquebrantável. Torna-se impossível ao indivíduo contestar toda a sua história; a história de sua vida.

A sociedade é composta por indivíduos; esses são regidos por leis; as leis refletem os costumes do grupo social; os costumes criam uma identidade no grupo, essa identidade compõe-se de ideologias que se tornam as crenças que, definitivamente, solidificam uma cultura. Todo indivíduo possui uma cultura: a cultura de seu povo. “A verdade do meu povo será a verdade da minha alma”.

As leis que governam a cultura do indivíduo precisam ter poder. Um indivíduo só é governado por leis que estejam associadas ao poder. A lei de uma sociedade precisa ser uma lei poderosa. Aquele que detém o poder manda; e o que não, cumpre. Pergunte-se nesse exato momento: quem tem o poder; quem manda dentro de uma sociedade? O homem? Ainda que seja formada uma sociedade e sua cultura pelo homem, o poder de regência não pode estar nele. Todo homem dentro de sua sociedade que quiser atribuir a si o poder de legislar falhará, pois um homem é igual a outro, diferindo-se apenas nos papeis que cada um exerce dentro da mesma sociedade, e tendo em vista a unidade das leis que regem um grupo social, seria fácil, se a lei, logo, o poder estivesse no homem, vir outro homem para tomá-lo. Não daria certo. Todos os homens lutariam para ter esse poder. A sociedade estaria disseminada e nada do que se convencionou no grupo social o levaria a progredir. Para que a sociedade não pudesse ser destruída pela corrupção humana, pelo egoísmo, os grupos dominantes coroaram aquele que não pode ser tocado, derrubado levado ao chão: Deus. Nesse objeto foi depositado o contrato social que regulamenta a vida de qualquer indivíduo, de qualquer sociedade. O homem não manda porque o homem não tem poder; se tivesse poder outro homem o tiraria. Mas quem pode auferir um poder que não está ao alcance?

Os indivíduos formam grupos de poder que organizam o contrato social e determinam o melhor modo de vida de sua sociedade; o contrato é um conjunto de leis elaboradas e massificadas no corpo social. O contrato precisa de uma casa e de um dono que o proteja e o faça valer: religião e deus. A religião é a identidade cultural do grupo; são todos os valores e costumes que ensinaram ao homem a ser o que é. Deus é a força; a crença; a ideologia; o motivo de o homem ser o que é. Religião e deus são a sociedade; os indivíduos compõem a sociedade, logo são a religião e deus, enquanto sociedade.

Tudo o que o homem aprende está inserido na sociedade; tudo o que ele é, é dado pela sociedade. A pergunta é: o que acontece quando esse homem se opõe a sua própria sociedade? As leis que governam o espírito do indivíduo exercem duas faces: a justa e a injusta. Um indivíduo só pode beneficiar dos valores do seu grupo enquanto estiver dentro desse grupo, enquanto seguir as regras de conduta, os direitos e deveres estipulados pelo grupo, os costumes; a tradição, etc. Terá, desse modo, uma vida justa e compensada. Sabendo-se que as relações entre indivíduos fortalecem o desenvolvimento da sociedade, a produtividade, a evolução, o indivíduo estará amparado, assegurado, garantido; salvo. Quando, por quaisquer razões, o indivíduo se opõe a sua própria realidade, a verdade de sua vida; tudo se lhe apresentará averso. Contrário. Tanto do ponto de vista dele como do da própria sociedade. Se ele nega a sua sociedade, a sociedade nega-o. Ele não pode participar da sociedade que nega sem causar estragos, e esses têm consistência negativa para a sociedade e por isso serão combatidos. O indivíduo será repudiado, sancionado, purgado ou condenado. A lei de uma sociedade serve para ser seguida e cumprida e aquele que não o faz é punido. O que a sociedade dá ao homem enquanto associado; também o recebe enquanto dissociado. Um homem não é nada fora de uma sociedade; é uma sombra no escuro; é um ponto indecifrável no mapa; é um homem sem causa; perdido; vazio.

Todas as crenças do homem estão apoiadas na sociedade que o criou, e todas as verdades de seu espírito estão ligadas às mesmas verdades dos participantes do seu grupo. Crer no grupo é uma forma de apoiar-se a uma força que dá sustento e segurança; crer no grupo, na sua sociedade, só traz benefícios; é o único caminho para a salvação do indivíduo; o homem tem um contrato: viver em sociedade e segundo suas leis. Por isso, o homem é um ser social e um ser religioso; o homem... é um ser de Deus.

30 de set. de 2010

O ensino natural

A natureza ensina ao homem doando-lhe conhecimentos positivos ou negativos. O homem, em geral, nasce com a capacidade de apreender tudo o que se põe ao seu redor, tornando-se um aprendiz nato. Mas esse ambiente não filtra o que lhe seja útil ou não útil conhecer. A transferência de informações, recebidas a nível sensório-motoras, invadem-no com o peso da paixão e do ódio. Uma primeira queimadura, ou um chute na pedra que o tira pela primeira vez uma unha; um banho gelado, ou o ficar no frio sem agasalho causando-lhe uma gripe ou uma pneumonia; um primeiro beijo, ou uma resposta acertada sobre alguma questão; andar de bicicleta, ou de patins, ou de skate sem cair; são experiências que agregam sentido à vida de um homem, ambas, boas ou más, que acrescentadas aos padrões culturais de cada sociedade, darão a ele uma forma, uma consciência seletiva ocasionada, não pelo ensino humano, mas pelo conjunto de sensações atribuídas pelo ambiente; pela natureza.

31 de ago. de 2010

Sim ou não à pena de morte?

Dois argumentos:

1. Deve-se legalizar a pena de morte no Brasil.

2. Não se deve legalizar a pena de morte no Brasil.

A legalização da pena de morte no Brasil é um fato contundente que deve ser apurado em todas as suas condicionantes para se ter de fato uma certeza quanto a sua efetivação. Apesar de termos convivido atualmente com a deflagração da violência indômita e sabendo que todos os recursos aplicados pelo governo Federal e Estadual no intuito de aplacar tal situação se mostram ineficazes, é justo ter-se como última ferramenta ideológica a sanção da pena de morte. As milhares de famílias destruídas por conta da violência e que até hoje esperam justiça, os milhares de presos que são libertos pelo indulto desregrado do sistema penitenciário e que voltam a reincidir nos mesmos crimes pelos quais foram presos, etc. são uma assertiva de que o único modo de conter a violência nos estados é, a prova de fogo, incutir medo na população criminosa devastando-a com esta nova lei.

Mas se pensarmos que somente e/ou tão somente por este caminho é possível conseguir tal empresa estaremos sendo medíocres. A legalização da pena de morte pouco influenciaria no índice de violência e causaria mais frustração e dor a muitas outras famílias. O Brasil é um país com bases muito fortes na religião Cristã, e segundo os preceitos da mesma, e ao contrário da lei de Nabucodonosor “OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE”, nenhum homem tem o direito de tirar a vida de outrem, muito menos o Estado. Podemos ter também como exemplos outros países, em especial, os Estados Unidos da América que adotam na maioria dos Estados esta Lei e, mesmo assim, não foi capaz de liquidar a violência. Devemos desviar a nossa atenção para possível resolução deste problema no cerne familiar, na educação e reeducação de todas as crianças do Brasil.

A pena de morte pode ser efetivamente descartada se o estado definir um sistema completo e capaz, legislativo e executivo, que possa valer definitivamente a constituição penal, além desenvolver sistemas concretos de re-inclusão social, expansão da rede de penitenciárias com significativa infra-estrutura, etc. Pois é pela falta dessas estruturas que chegamos ao limite de não vermos outra opção a não ser a pena de morte.