Vejo as árvores enterradas em meu quintal, abanando suas verdes folhagens sob um sol infernal. Elas estão aí, passando-nos despercebidas, mas produzindo, nosso oxigênio, nosso ar: vento invisível, confortante, abençoado! Às árvores, às plantas, às sementes, o meu bom dia!
Sendo vento, passamos rápido. Sendo mineral, nos tornamos rocha. Sejamos um e outro. Aquele lapidando, esse lapidado.
15 de jul. de 2010
Bom dia, Natureza!
13 de jul. de 2010
O super-homem revelou-se. O que ele faria para mudar o rumo de uma sociedade decadente: Angola?
Um super-homem disfarçado de homem comum entre os habitantes da aclamada República de Angola ficou por muito tempo a observar o desempenho de uma sociedade que, como outras, conseguiu vencer, a duras penas, uma de muitas batalhas contra o colonialismo, espécie de escravidão moderna na época. É fato que essa batalha só foi vencida com o apoio do super-homem, mas foi uma grande exceção feita, pois o hóspede raramente se intromete nos assuntos humanos. Ele é um mero expectador e costuma ajudar os humanos apenas com a sua filosofia: "saber distinguir o bem e o mal é o caminho adequado para a resolução de todos os problemas sociais". Ele, sempre paciente e confiante de que os erros humanos sejam superados antes de qualquer catástrofe, ficou, todavia, por mais de 30 anos, esperando o super desenvolvimento dessa sociedade e, por sinal, sua residência: Angola. Mas o tempo e as expectativas não se fizeram cumprir e, grosso modo, o Super-homem frustrou-se e tomou medidas drásticas.
Os responsáveis pela libertação de Angola do sistema colonial, pré 75, tiveram 35 anos, após a independência, para reerguer seu país. Mas por culpa de uma lei filosófica e imperativa no mundo animal: "a lei da sobrevivência; a lei do mais forte", leia-se Darwin, o país, sedutor por princípio e néctar dos deuses, tornou-se um vício, assim como toda e qualquer droga inventada, para seus dirigentes. Todo vício torna o seu consumidor dependente, mais do que isso, egoísta. É justamente esse sentimento que tomou os corações da elite que dirigiu a conquista da primeira liberdade do país. "O vício corrompe os corações humanos; é preciso combatê-lo antes que os derrube". Esse foi o conselho dado pelo hóspede. Mas não o foi ouvido. Os grupos de poder tornaram-se cegos e travaram entre si grandes batalhas para serem os únicos detentores da grande droga; e como num jogo de xadrez, precisaram, para salvaguardar suas vidas, usar os peões como escudo. O super-homem sabe que uma droga em dose adequada torna-se um santo remédio e se essa droga fosse repartida de igual modo para todos os participantes na mesa de xadrez, a sociedade envolvida não teria motivos para competir; para guerrear. A droga não foi fracionada, destruiu a percepção humana e alvoroçou o coração do povo, o principal prejudicado nessa história. Daí em diante, a sociedade culminou em caos, irreversível.
O super-homem interveio; submeteu a lei da dualidade humana às suas leis e, com isso, derrubou um dos grupos com maior poder de concorrência e deixou que o outro grupo retomasse o antigo sonho de partilha, de liberdade, de uma sociedade harmônica e saudável. Embora fosse crível a ideologia e o sonho declarados ao super-homem pelo grupo responsável pela nova gerência, o grupo majoritário ignorou a força de um deus entre os homens e continuou errando em sua política social: essa elite começou a monopolizar todos os recursos da terra e a transformar a sociedade, por si só o povo, em sua ferramenta de produção, de enriquecimento, de transformação. O povo se tornou submetido, escravo. E como a história ensina: "os escravos nunca tiveram vida própria, vida boa, vida saudável, vida assegurada; vivem para os outros seres humanos iguais a si em forma e substância". Cansado de tanto sofrimento e sabendo-se, o super-homem, parte dessa sociedade, decidiu, a contragosto, tomar uma última decisão: eliminar pelas próprias mãos todos os responsáveis pela gerência inconsistente desse país, conforme o fez, outro deus, em Sodoma e Gomorra e com o grande dilúvio em várias épocas. Nada mais razoável eliminar e, ao contrário de outros deuses, deixaria incólume o povo explorado e sofrido e faria deles o amanhecer de um novo sonho de conquista.
24 de jun. de 2010
Errei - Sururu Na Roda
Por minha culpa não te dei valor
Eu sei
Que machuquei o seu coração
Mas fui
Iludido por um falso amor
Que causou muito sofrimento e dor
E agora vejo a minha ingratidãoVolta pra mim (Volta pra mim)
Não faz assim (Não faz assim)
Nossa estoria de amor
Não pode ter sido em vãoPois sem você (Pois sem você)
É tão ruim (É tão ruim)
Hoje eu venho te pedir perdãoMe perdoa meu bem
Que a saudade é tamanha
Se me deixa ficar
Eu prometo a você, serei só seu amor
Se você quiser (2 vezes)
Largo da bohemia pra me redimir
Pois o nosso amor
É mais forte que o erro que eu cometi
Errei...
2 de jun. de 2010
Trajetória
Trajetória
Maria Rita
Composição: Arlindo Cruz / Serginho Meriti / FrancoNão perca tempo assim contando história
Pra que forçar tanto a memória
Pra dizer
Que a triste hora do fim se faz notória
E continuar a trajetória
É retroceder
Não há no mundo lei que possa condenar
Alguém que a um outro alguém deixou de amar
Eu já me preparei, parei para pensar
E vi que é bem melhor não perguntar
Porque é que tem que ser assim
Ninguém jamais pôde mudar
Recebe menos quem mais tem pra dar
E agora queira dar licença, que eu já vou
Deixa assim, por favor
Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem
Me deseje só felicidade, vamos manter a amizade
Mas não me queira só por pena
Nem me crie mais problemas
Nem perca tempo assim contando história...
(volta ao início)
Insone narrador
Caros amigos, hoje não é o narrador sentimental que vos fala, é apenas a voz da consciência vazia que vara a noite insone tentando perceber algo diferente em tudo o que o rodeia. Pelo que vê, ao seu redor, só escuridão. As luzes estão apagadas e diante dele, a tela do pc com suas letras redigitadas, paulatinamente. Mas no som do “real player”, a música “você é linda”, de caetano Veloso, essa sim, seu aconchego diário, reminiscência viva do passado vívido no peito, na alma. Triste narrador, pensando em suas composições sem nexo, fundamentadas na vida medíocre que teve, nas poucas experiências e na velhice precoce em que se meteu. Em sua alma revolta-se em turbulentos pesadelos a pergunta exotérica: o sentido que tem para si a vida, a pergunta principal que mereceria profunda pesquisa, hábito cotidiano dele, mas fracassada pela falta de tempo. - O tempo narrado é o tempo perdido –, conlui. Nada do que se escreve dará melhor sentido à vida do narrador, pois nada do que se escreve é real. O producto final aparecerá mil vezes alterado pela perspicácia daquele que escreve intencionalmente maqueando suas emoções e as fingindo verdadeiras nas letras que se consagram lidas e realizadas. Dá-se em seu pensamento justamente essa idéia de que a vida é uma farsa constante. Tenta-se fazer dela um quadro perfeito, um teatro, um filme, tenta-se planejá-la ao modo do arquiteto, contudo acontece do traço do pintor falhar e termos uma obra prima como a Monalisa ou mesmo o projecto do bom arquiteto da torre de Pizza, também falho, mas louvável pela inclinação secular; arte de vida, vida artística. Não há generalizações, mas no narrador consome-se essa idéia de traços tortos que acertam o caminho destinado. A vida tem pernas próprias, levam-no a cada zona e não pedem permissão para o encantar ou desencantar. Os caminhos cruzados, os acertados e os errados, são-no ao todo responsabilidade das pernas tortas da vida. Não o queira advinhar; apenas truques e enganos querer o controle da vida. Pois! mal fadado exála-se na fumaça do “Hollyhood’s cigarettes”, tentando sistematizar um exemplo de vida que mereça reconhecimento, mas a fumaça entranhando em seu organismo disfarça-se de bom convidado para fazer seu estrago; só quem não percebe é o narrador, demais concentrado nas suas idealizações.
Sérgio Ventura