2 de nov. de 2009

Frustração.

Hoje me sinto sem definição. Se perguntarem quem sou, não saberei responder. Acredito que sou um anjo, se bom ou mau, pouco importa. Não estou vivendo para mim, não estou fazendo nada por mim. Respiro em certas ocasiões um ar de outras vidas. Estou me dedicando muito a agradar os outros que esqueço de me agradar. Minha vida está se esvaindo, ficando sem sentido, sem direção. Todos precisam de atenção, é justo, mas e a mim, quem me prestará esse sentimento?! Hoje acordo com as horas contadas e na pressa de cumpri-las sem falha. Não escovo mais os dentes, me banho, me visto bem apresentável ou tomo café da manha por prazer, as seis horas da matina. Só o faço por que tenho um compromisso inadiável com o meu patrão, por que preciso estar limpo, alimentado e apresentado para me escravizar e dar lucro a ele. O que ganho? Justamente as roupas e a alimentação, sem esquecer dos suprimentos de higiene pessoal, afinal, minha imagem é o lucro da empresa também! Mas não pára por aí.

9 de set. de 2009

Sobre insegurança e ciúme.

É considerável afortunado o sujeito que nunca reconhece em si o sentimento horroroso, desprezível e sem nexo de ciúme e insegurança, que toma conta das emoções e a barbariza, a ponto de cometerem-se atrocidades que destruiriam qualquer relação. Ficar-se-ia feliz pelo sentimento seguro de indiferença ao amor quando de uma possível perda da pessoa amada, quando uma relação não dá certo, ou quando uma parte rescinde o contrato deixando lesada a outra, e seria estranho não pensar que todas as fichas apostadas nessa relação poderiam invalidar para sempre uma vida sonhada e almejada. Pois quando se ama, sem nenhuma reflexão, sonha-se e acredita-se que daria certo viver com alguém que no momento presente proporciona toda alegria e felicidade indescritíveis. E não temer o futuro incerto diante dos pequenos percalços, maus momentos, discussões sem importância, tédio repentino e efêmero. Desprezar o pensamento de insegurança é difícil quando se namora alguém mais jovem ou quando as primeiras experiências foram proporcionadas por uma única pessoa. Causa estupor em saber que para conhecer a diferença entre o doce e o salgado, às vezes, é preciso provar dos dois, só daí se tira a conclusão entre um e outro e, muitas vezes, tem quem prefira ficar com os dois. É nessa filosofia, que numa relação à curto ou longo prazo se tem a certeza de alguma frustração futura, como a infidelidade. A precipitada inobservância do sentimento gratuito a que se prestam as partes do relacionamento acaba atrapalhando exageradamente muitos relacionamentos, porque as duas partes se amam, uma sempre acredita que ama mais que a outra. O esforço é compensador quando se evita tal sentimento. Já o ciúme é algo mais complexo, causa repugnância e desmerecimento. O egoísmo e o orgulho podem ajudar. Pensar mais em si aprimora o superego e reduz a pessoa amada a um plano minúsculo e, por outro lado, atualiza certo machismo genético, animalesco e intuitivo que impulsiona à posse. Uma vez jurado amor entre duas personalidades, a mulher passa a pertencer ao homem e esse a ela. O orgulho, por outro lado, ensina a esconder as emoções, também figurativizada pelo machismo. Não é sem importância que muitas relações acabam. Ideal seria se se pudesse manter sempre o sentimento indivisível, individual, permanecer solteiro, se abster de qualquer união sentimental. Mas sabe-se ser maior a necessidade de completar a proposta da natureza. Uma forma talvez de resolver problemas relacionados ao ciúme e insegurança seria o de suprimir os significados atuais e aplicar uma carga semântica diferente da usual, modificar sua ideologia social, e torná-los humanamente insignificantes para si. São sentimentos que não existiam em algumas culturas. Não dá para ficar preso à simples elucubrações. Se o relacionamento acabar, paciência. Sem medo de seguir em frente, sem depressões e sem arrependimentos.

30 de jul. de 2009

A dívida que os homens pagam.

Todo mundo nasce com um pé na cova, como dizem “para morrer basta estar vivo”, mas por que insistimos em apressar a morte? Ao longo dessa jornada vi muita gente se depreciar, ou quase morrer. Conheci pessoas doentes, físico e psicologicamente, mas a questão é que todos tendiam para esse fim (…). Numa conversa de bar, alguns amigos na mesa, conversando. Papo sadio, “tudo na moral” e uma pergunta infeliz, é claro, “por que fumas afinal?”, pergunto eu, “por que bebes afinal?” pergunta ele. Pra essa pergunta já ouvimos várias respostas, “gosto muito”, “me dá prazer”, “é vício”, “levanta minha autoestima”, e assim por diante. Sim, todas elas muito práticas e muito verdadeiras. Tenho constatado que qualquer vício possa nos levar a cova, pode não estar associado ao tema principal, embora venha ao caso que o vício e a vontade de morrer também andam juntinhos, par e passo. Vejamos: o indivíduo que fuma, tem consciência do que é veiculado eternamente pelas mídias e experiências do submundo sobre o que o cigarro acarreta. Vários tipos de câncer, dependências psíquicas e vários outros tipos de afecções. Mas existem os que fumam consideravelmente sem demonstrar receio e os que, já informados, se matriculam nessa escola com direito até a diploma. É estranho sim, mas os diversos tratados de sociologia explicam esse autocrime como forma de manifestação social do ego. Nem preciso revelar que qualquer droga é um remédio, só depende da dosagem. Muita dose de álcool te leva ao coma, muita dose de heroína te derruba ao coma, muita dose de amor não correspondido te leva a “depré”, etc. Estamos muito preocupados em nos acabar. A vida deve ser muito depressiva mesmo. Exemplo: quando nascemos, p’ra acordar e ficar esperto, levamos um tapa na bunda como boas vindas ao mundo, isso não é nada, tanto que ninguém lembra do primeiro tapa. Mas a vida prossegue cumulativa em seus absurdos. Depois dos seis anos todo mundo é meio que obrigado a seguir carreira na escola, são 12 anos de pura chatice, o mal necessário, “acho que a história ainda é sobre isso”, aquela dose de escola serve pra quem é pobre, fora as exceções, mais 4 a 6 anos para quem pretende mais, oh! Que busca insana pelo prazer de conseguir “se dar” bem na vida, ganhar muita grana, depois gastar em putaria, drogas e rockin´roll, “funk também serve”. Pior quando nada desse esforço dá resultado, aí “você pira o cabeção e se fode por inteiro”. “perdoem o disparate, dá mais ênfase ao texto”. Trata-se de uma corrida ao nada... (continua quando o narrador acordar)

13 de jun. de 2009

Quem és tu que desafias a minha consciência? Conheço-te há tanto tempo, é certo, que tenho te provido todas as 20feb07AsasDoDesejonecessidades. Por  que não paras um pouco e me deixas aproveitar o que tenho agora comigo? Quando me pedes algo,  te alimento, quando te alimento não te satisfazes. Já agora me vejo com tantos outros pedidos, de tantos que ficam na fila a espera para serem atendidos. Mas este! Não te posso cumprir. Não me faz necessário. Tudo bem! Sei que não precisa ser necessário, apenas intuitivo quando incontrolável. Vens de mansinho como quem não quer coisa alguma que já me repulsa a tua obrigação. Ah! Sim. Vens fazer-me bem. O bem que me queres fazer poderá fazer mal a outrem. Pois bem que entendo que tens obrigação para comigo, os outros que se danem. Mas eu tenho obrigações com o próximo e te atender vai desatender o próximo, nesse caso. É cruel, mas muitas vezes preciso descuidar um pouco de ti para não desequilibrar a minha balança. Sabes que fazes tão bem quanto mal a sociedade. Mas não vamos entrar nesses detalhes. Hoje me pedes que te faça feliz, hipoteticamente. Mas se te faço feliz faço infeliz a alguém. Se te ponho num lado, noutro tiro. Uma via de mão dupla. O que me dizes?!... Santa paciência. Peno que não te possa realizar, pois a tua concorrente já se adiantou. És um de muitos filhos. Tua mãe é parideira nata. Um a cada instante, dos mais diferentes tipos. Não dá. Quem és tu afinal? Como? Ah! Entendi. És aquele que necessita ser saciado, és o desejo. Santo desejo!

10 de jun. de 2009

Que mais falta?

rosa“Nós buscamos driblar o tempo em busca das nossas satisfações, mas o tempo passa e elas não são supridas!”.

Terna juventude! Bem ali ao lado olhando-me com olhos canibais. Lindo o nosso desejo que esvai as fraquezas de nossos valores tradicionais. Ah que vontade! Como te queria bem ali justinha ao lado deste corpo que tanto te ama. Ainda que por alguns momentos, poucos intensos momentos de paixão e alegria e felicidade e amor. A espera desses momentos é uma fraqueza humana que alimenta a impaciência com demais voracidade. Mas cumpram-se, com desvelo, as promessas nefastas de abdicação a castidade, até que se faça fruto comestível a promessa do sagrado matrimônio. Ah! Injúria desse amor, dessa tradição. Nego-te como a quem nega o pai. Não espero que o meu prazer tenha futuro, apenas presente. Viver a intensidade contínua, sempre presente. Quando acabar, se fará passado vivido e não futuro. Quero que o futuro seja o presente continuado. Pra que esperar pelo que se apresenta pronto? Meu presente, serias, de todas as manhãs caso me ousasse o presente ter-te aos meus braços. Mas ele não ousa. Tem ciúmes do que se pode construir com tanta paixão, tanto amor. Por isso, se intromete e cria obstáculos em maior ou menor grau. E mais empecilhos. A intenção é desvelar algum sentimento que atrase e amorteça o peso dos sentimentos atraídos. Mas ele é falho. Aquele amor é tão duro e belo quanto o diamante em nossos corações. A paciência será eterna enquanto jovem e realizada quando devorada.