Sendo vento, passamos rápido. Sendo mineral, nos tornamos rocha. Sejamos um e outro. Aquele lapidando, esse lapidado.
30 de nov. de 2009
Medo!
5 de nov. de 2009
Mesmos Mesmos
Nesse momento as horas não mandam em mim. Estou cansado e com hora marcada para cumprir mais uma agenda estressante ao amanhecer. Por isso ignoro as horas e permaneço acordado pensando no vazio da minha vida e numa forma sábia de preenchê-la. Ouço música e percorro algumas páginas da web procurando informações, poemas, personalidades, coisas. Algo que me dê luz, significado, esperança. Mas nada. E as horas estão passando. O dia está chegando e a insônia mantendo sua palavra: “não te deixarei hoje”, “serás meu hóspede por obrigação”. Tento analisar se o dia anterior à madrugada de hoje me trouxera algum benefício, se me fez mais sábio, mais maduro, mais feliz. Nada. Ainda sinto o mesmo desprezo, o mesmo cansaço, a mesma melancolia, a mesma frustração, a mesma ignorância e uma pilha de outros mesmos e mesmas do meu cotidiano. Nada acontece e as horas correm e o dia se impõe como se nada fosse mudar. Já me sinto obrigado a dar uma escapada pela janela. Fugir da insônia. Ela é mais poderosa. A contragosto e por dominação necessária sou obrigado a cumprir mais um dos mesmos mesmos do cotidiano. Por vazio só me entendo mesmo na mesmice. Ah! Como está lindo o dia.
2 de nov. de 2009
Frustração.
Hoje me sinto sem definição. Se perguntarem quem sou, não saberei responder. Acredito que sou um anjo, se bom ou mau, pouco importa. Não estou vivendo para mim, não estou fazendo nada por mim. Respiro em certas ocasiões um ar de outras vidas. Estou me dedicando muito a agradar os outros que esqueço de me agradar. Minha vida está se esvaindo, ficando sem sentido, sem direção. Todos precisam de atenção, é justo, mas e a mim, quem me prestará esse sentimento?! Hoje acordo com as horas contadas e na pressa de cumpri-las sem falha. Não escovo mais os dentes, me banho, me visto bem apresentável ou tomo café da manha por prazer, as seis horas da matina. Só o faço por que tenho um compromisso inadiável com o meu patrão, por que preciso estar limpo, alimentado e apresentado para me escravizar e dar lucro a ele. O que ganho? Justamente as roupas e a alimentação, sem esquecer dos suprimentos de higiene pessoal, afinal, minha imagem é o lucro da empresa também! Mas não pára por aí.
9 de set. de 2009
Sobre insegurança e ciúme.
É considerável afortunado o sujeito que nunca reconhece em si o sentimento horroroso, desprezível e sem nexo de ciúme e insegurança, que toma conta das emoções e a barbariza, a ponto de cometerem-se atrocidades que destruiriam qualquer relação. Ficar-se-ia feliz pelo sentimento seguro de indiferença ao amor quando de uma possível perda da pessoa amada, quando uma relação não dá certo, ou quando uma parte rescinde o contrato deixando lesada a outra, e seria estranho não pensar que todas as fichas apostadas nessa relação poderiam invalidar para sempre uma vida sonhada e almejada. Pois quando se ama, sem nenhuma reflexão, sonha-se e acredita-se que daria certo viver com alguém que no momento presente proporciona toda alegria e felicidade indescritíveis. E não temer o futuro incerto diante dos pequenos percalços, maus momentos, discussões sem importância, tédio repentino e efêmero. Desprezar o pensamento de insegurança é difícil quando se namora alguém mais jovem ou quando as primeiras experiências foram proporcionadas por uma única pessoa. Causa estupor em saber que para conhecer a diferença entre o doce e o salgado, às vezes, é preciso provar dos dois, só daí se tira a conclusão entre um e outro e, muitas vezes, tem quem prefira ficar com os dois. É nessa filosofia, que numa relação à curto ou longo prazo se tem a certeza de alguma frustração futura, como a infidelidade. A precipitada inobservância do sentimento gratuito a que se prestam as partes do relacionamento acaba atrapalhando exageradamente muitos relacionamentos, porque as duas partes se amam, uma sempre acredita que ama mais que a outra. O esforço é compensador quando se evita tal sentimento. Já o ciúme é algo mais complexo, causa repugnância e desmerecimento. O egoísmo e o orgulho podem ajudar. Pensar mais em si aprimora o superego e reduz a pessoa amada a um plano minúsculo e, por outro lado, atualiza certo machismo genético, animalesco e intuitivo que impulsiona à posse. Uma vez jurado amor entre duas personalidades, a mulher passa a pertencer ao homem e esse a ela. O orgulho, por outro lado, ensina a esconder as emoções, também figurativizada pelo machismo. Não é sem importância que muitas relações acabam. Ideal seria se se pudesse manter sempre o sentimento indivisível, individual, permanecer solteiro, se abster de qualquer união sentimental. Mas sabe-se ser maior a necessidade de completar a proposta da natureza. Uma forma talvez de resolver problemas relacionados ao ciúme e insegurança seria o de suprimir os significados atuais e aplicar uma carga semântica diferente da usual, modificar sua ideologia social, e torná-los humanamente insignificantes para si. São sentimentos que não existiam em algumas culturas. Não dá para ficar preso à simples elucubrações. Se o relacionamento acabar, paciência. Sem medo de seguir em frente, sem depressões e sem arrependimentos.