("I" as witness)
Seguindo na classificação de Friedman, o narrador-testemunha dá um passo adiante rumo à apresentação do narrado sem a mediação ostensiva de uma voz exterior.
Ele narra em 1.a pessoa, mas é um "eu" já interno à narrativa, que vive os acontecimentos aí descritos como personagem secundária que pode observar, desde dentro, os acontecimentos, e, portanto, dá-los ao leitor de modo mais direto, mais verossímil. Testemunha, não é à toa esse nome: apela-se para o testemunho de alguém, quando se está em busca da verdade ou querendo fazer algo parecer como tal.
No caso do "eu" como testemunha, o ângulo de visão é, necessariamente, mais limitado. Como personagem secundária, ele narra da periferia dos acontecimentos, não consegue saber o que se passa na cabeça dos outros, apenas pode inferir, lançar hipóteses, servindo-se também de informações, de coisas que viu ou ouviu, e, até mesmo, de cartas ou outros documentos secretos que tenham ido cair em suas mãos. Quanto à distância em que o leitor é colocado, pode ser próxima ou remota, ou ambas, porque esse narrador tanto sintetiza a narrativa, quanto a apresenta em cenas. Neste caso, sempre como ele as vê.
P.S.: É preciso separar Autor de Narrador e esse de personagem, são pessoas diferentes com histórias diferentes.
Ref.: LEITE, Ligia Chiappini Moraes . O foco narrativo: a polêmica em torno da ilusão. São Paulo: Ática, (S/D).pp. 37-38.
Sérgio Ventura
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